Percebi que a epifania teria algo a ver com a estrada, pois percebi que ao final do Filme ele, o protagonista, tomava um caminho diferente. Bifurcado.
Os detalhes por trás do filme que impulsionou internacionalmente o cinema brasileiro, a construção da trama, a interpretação detalhada das imagens, tudo que fez “Abril Despedaçado”, de Walter Salles, ser um sucesso mundial de crítica, em 2001, é abordado no livro “Discurso, Cinema e Educação – Metáforas Visuais em ‘Abril Despedaçado’”, de Ana Cristina Abrantes, que será lançando em São Paulo, no dia 21 de outubro e é resultado de um trabalho de conclusão de mestrado.
Abrantes assistiu ao filme, em 2002, e decidiu fazer dele seu objeto de estudo. “Percebi que a epifania teria algo a ver com a estrada, pois percebi que ao final do Filme ele, o protagonista, tomava um caminho diferente. Bifurcado. Eu queria me aprofundar nisso”.
Em 2015, já no mestrado, Abrantes apresentou suas impressões aos docentes do departamento de Letras da UFRJ sobre diversas cenas do filme e conquistou a vaga de mestrado. “Eu foquei na Análise Visual das metáforas em “Abril Despedaçado” e assisti o filme inúmeras vezes enquanto estudava a teoria baseada em Foucault, Deleuze, Courtine, Mikail Bakhtin”.
O filme “Abril Despedaçado” é uma adaptação do livro homônimo do escritor albanês Ismail Kadaré e ganhou público e crítica, não apenas no Brasil, mas mundo afora concorrendo, inclusive, a alguns dos principais prêmios do cinema internacional, como o Bafta e o Globo de Ouro. Na adaptação, Salles transfere a história para o sertão brasileiro, e mostra o dilema do jovem Tonho (Rodrigo Santoro) cujo pai tenta convencê-lo a vingar a morte do irmão mais velho, assassinado por uma família rival. Temendo ser perseguido e morto como consequência, Tonho passa a questionar a lógica da violência e da tradição.
O livro de Abrantes, fruto de dois anos de estudos, inova por analisar o discurso do filme através, exclusivamente, das imagens e mostra que a metáfora em “Abril Despedaçado” extrapola o universo linguístico e abrangem várias formas de expressão. Esse fato permite que o filme se aproxime ao máximo do espectador. “Por séculos a metáfora esteve associada à linguagem oral e à escrita, mas foi possível perceber a possibilidade de as imagens serem analisadas como discurso também”.
Em seu livro, a pesquisadora vai ainda mais além e defende que o cinema faça parte do currículo escolar desde a mais tenra idade. Segundo ela, nos últimos 150 anos a escola tradicional, insiste em privilegiar o modo onde o professor fala e o aluno ouve, em contraponto às inúmeras possibilidades dos estímulos audiovisuais. “O cinema é verdadeiramente uma “viagem” para dentro e para fora de nós. É uma experiência multissensorial e psicológica recicla valores éticos, morais e antropológicos”.
SERVIÇO:
O que é: lançamento do livro “Discurso, Cinema e Educação – Metáforas Visuais em “Abril Despedaçado”, de Ana Cristina Abrantes. (Ed. Appris)
Quando: 21 de outubro das 15h às 18h
Onde: Casa Guilherme de Almeida (Rua Cardoso de Almeida, 1943 – Pacaembu)
Para mais informações, acesse; https://www.facebook.com/cris.florescariocas.3
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