O Centro Cívico de Santo André, construído nas décadas de 1960 e 1970, se tornou patrimônio cultural municipal. O local foi tombado pelo Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico-Urbanístico e Paisagístico de Santo André (COMDEPHAAPASA). O espaço já é considerado patrimônio pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico do Estado de São Paulo (Condephaat) desde 2013. O decreto de tombamento, com a homologação do prefeito Paulo Serra, foi publicado no início do mês.
O processo de tombamento municipal estabelece série de diretrizes de preservação para as partes internas e externas das edificações do conjunto do Centro Cívico, que devem manter suas características originais. Também há indicações específicas para os prédios da Câmara Municipal, do Fórum, do Teatro Municipal, bem como para o tríptico do saguão do teatro, a tapeçaria do salão nobre do edifício do Executivo, o piso de mosaico português, os jardins, o espelho d’água e a estátua de João Ramalho.
Importância do tombamento – Segundo o vice-presidente do COMDEPHAAPASA, Marco Moretto, o tombamento é importante pois oficializa algo que já é reconhecido pelos cidadãos como um bem cultural andreense. “O tombamento contribui para destacar um bem cultural já reconhecido pelos cidadãos e para poder difundir elementos de referência do local, como os projetos de Rino Levi, Roberto Burle Marx e Jorge Bonfim”, disse.
Ainda segundo Moretto, quanto mais próxima é a instância de tombamento do bem, mais específico e detalhado ele será. Portanto, o tombamento feito pelo COMDEPHAAPASA levou em consideração todos os elementos que compõem o Centro Cívico e a referência do local como espaço de convivência para a população. Com maior abrangência e mais específico que o tombamento feito pelo Condephaat, o tombamento municipal abrangeu também as áreas internas, bem como as obras de arte, como a tapeçaria do salão nobre e o tríptico de Burle Marx.
Histórico – De acordo com o processo de tombamento, o local escolhido para as festividades do IV Centenário de Santo André, em 1953, recebeu posteriormente o Centro Cívico. A obra integra os processos de transformação e modernização do Estado de São Paulo na segunda metade do século passado. O espaço expressa, em uma praça cívica, a ideia de uma cidade moderna como concepção urbanística de utopia democrática. Trata-se de um projeto inteligente de aproveitamento de terreno, intercalando edifícios e área livre, articulados em um conjunto de vários planos e praças intermediárias, sem utilização de aterros.
Ainda de acordo com o processo, o projeto do Paço Municipal, desenvolvido entre 1965 e 1968 pelo escritório do arquiteto Rino Levi, em colaboração com o paisagista Roberto Burle Marx, resultou em uma concepção harmônica e exemplar de arquitetura pública que se afirmou na década de 1970. No local encontra-se também o Fórum, que tem projeto da equipe do arquiteto Jorge Bomfim. O conjunto, mais que um símbolo arquitetônico reconhecido, é um espaço de convivência do cidadão, conforme desejavam desde o início os personagens envolvidos m sua construção.
Por tudo isto, o processo considera que a permanência do espaço na paisagem, a inserção na memória local e a relação desse conjunto com o desenvolvimento da cidade são elementos fundamentais para sua preservação.
Texto: Marcos Imbrizi
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