Reprodução humana assistida: um sonho para acalentar juntos

Conteúdo escrito por Alfonso Massaguer, especialista em reprodução humana

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Os primeiros dias do outono têm sido de chuva e temperaturas elevadas, uma combinação perfeita para o surgimento de doenças típicas dessa mudança de estação. O ar Lembro a primeira vez que acompanhei um tratamento de reprodução assistida. Foi durante um curso que fiz no exterior, enquanto ainda estava no meu primeiro ano de residência no Hospital das Clínicas.

Era tudo muito novo pra mim já que os procedimentos de fertilização ainda não eram utilizados na maioria dos hospitais públicos do Brasil. E mesmo nos hospitais particulares era algo bastante restrito e com custo muito elevado.

Senti de perto todo o desgaste físico, econômico e principalmente emocional do casal que estávamos acompanhando. Na verdade, apenas pude observar e imaginar como era não poder realizar o sonho de ter uma família, pois é difícil dizer, qualificar e quantificar o grau de stress e sofrimento de cada um em uma situação como esta. Foram vários dias de hormônios, procedimentos com hora marcada, exames e uma angustiante espera pelo resultado final que, infelizmente, foi negativo no caso deles.

Fiquei surpreso e reflexivo com o fato de, depois de tanto empenho e cuidado, a fertilização deles não ter dado certo. Enquanto de um lado vemos casais engravidarem tão facilmente, às vezes até “sem querer”, de outro presenciamos a angústia e o sofrimento de casais que enfrentam a infertilidade.

Após presenciar aquele primeiro tratamento no exterior, tive certeza de que a “fertilidade humana” seria a minha especialidade. Eu optei por essa área para poder auxiliar casais a contornarem essa doença tão cruel e dolorosa. Eu, como médico, facilito o caminho a ser percorrido por esses casais que escolhem ter filhos.

E fato é que, após vários anos atuando nessa área que escolhi com tanto carinho, tive o prazer de acompanhar centenas de casos que culminaram em final feliz. Obviamente estaria mentindo se dissesse que não sofro quando tenho algum resultado negativo. Sofro sim e o meu humor é diretamente influenciado pelos resultados dos testes de gravidez das minhas pacientes. Mas, em momentos como esse, sigo lutando e ajudando os pais a acreditarem que é possível tentar de novo, buscar outras saídas e vencer.

Digo sempre para as minhas pacientes: os tratamentos de infertilidade são como uma maratona. Por isso, é muito importante alinharmos as expectativas (que variam caso a caso) para evitar frustrações e podermos concluir juntos a prova. Afinal, nem sempre conseguimos ganhar na primeira disputa. Em casos negativos podemos e devemos nos preparar ainda melhor, resgatar o fôlego e iniciar a corrida passo a passo.

Na teoria pode parecer fácil para alguns, mas na prática é uma caminhada bastante íngreme para outros. O importante é deixar bastante claro que cada paciente é único e especial, com as suas particularidades e nuances. Não existe padronização. O que funciona para um casal, pode não funcionar para o outro. O importante é identificar o perfil e as necessidades de cada um, para poder atendê-los individualmente.

Saber indicar o melhor tratamento, entre tantas opções e diante de tantos interesses conflitantes (inclusive da indústria farmacêutica e laboratorial), é um desafio constante e um trabalho amparado por muita dedicação e estudo. Nesse sentido, carrego comigo um dos lemas mais básicos: tratar o próximo como eu mesmo gostaria de ser tratado. Ou seja, com muita ética, objetividade, técnica e paciência.

Feliz dia das mães para todas as mulheres corajosas que lutam para realizar seus sonhos. Desejo coragem para as que ainda estão no caminho e muito perto de enxergar a linha de chegada.

Website: http://www.mae.med.br

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