Evidências apontam que o treinamento pode ser valioso para muitos pacientes com doença renal
É fato notório que a capacidade de praticar exercícios físicos é significativamente reduzida em pacientes com Doença Renal Crônica (DRC). No passado, pensava-se que uma atividade física vigorosa poderia prejudicar esses indivíduos. No entanto, pesquisas científicas sugerem que exercícios específicos têm grande potencial de melhorar a saúde de pacientes com DRC. “Há uma melhora da força, da flexibilidade, aumento da capilarização muscular, melhora do condicionamento cardiorrespiratório, controle dos fatores de riscos cardiovasculares e diminuição do uso de medicações anti-hipertensivas. Além de possibilitar a socialização, com consequente melhoria da qualidade de vida”, explica a médica nefrologista e diretora da Clínica de Doenças Renais de Brasília (CDRB), Maria Letícia Cascelli.
Benefícios e prática segura – Evidências apontam que o treinamento pode ser valioso para muitos pacientes com DRC. O tipo de exercício mais comumente realizado por esse grupo é o exercício aeróbio (andar, nadar, correr). No entanto, outros tipos de treinamento, como o de resistência (levantamento de peso, flexões), podem oferecer benefícios como o aumento da força e função muscular. Para que isso seja feito com segurança, é importante que os pacientes com DRC sigam um programa de atividades projetado para acentuar os benefícios e minimizar os riscos dos exercícios.
É necessário ficar atento aos limites físicos e parar de se exercitar quando muito cansado, com dificuldade de respirar, doente ou tonto. Outros sinais de perigo podem incluir dor, cólicas musculares ou batimentos cardíacos acelerados. Além disso, o exercício deve ser interrompido se o paciente tiver febre, sofrer uma piora dos sintomas ou tiver outra condição de saúde que se agrave com o exercício.
Na prática – Embora existam evidências significativas para apoiar os benefícios terapêuticos do exercício para pacientes com DRC, o nível de inatividade em pacientes em diálise permanece alto. Além disso, a avaliação, o aconselhamento e o treinamento para intervenções de exercícios não são oferecidos para a maioria das pessoas, resultando em uma lacuna em seus cuidados.
A CDRB possui em sua equipe profissionais das mais diversas áreas para propor e monitorar a atividade dos pacientes da clínica. A médica Maria Letícia Cascelli explica como deve ser a equipe que acompanha essas pessoas: “Elas devem ter suporte em um contexto transdisciplinar, ou seja, com médicos, enfermeiros, nutricionistas, farmacêuticos, psicólogos, técnicos, assistente social e fisioterapeutas para prescrição de exercícios pertinentes, ergonomia do ambiente e realização de testes funcionais”, esclarece.
Um programa de exercícios personalizado deve ser concebido para cada paciente. Ele deve incluir:
• Os tipos e o número de repetições de cada exercício recomendado para cada sessão
• Frequência das sessões;
• Duração de cada sessão;
• Intensidade de cada sessão.
As atividades devem começar com baixa intensidade e aumentar gradualmente de acordo com a tolerância do paciente. Isso ajuda a reduzir o risco de lesões e aumentará a probabilidade de o paciente continuar a terapia de exercícios.