Fábrica de Cultura entra no lugar de Museu do Trabalho em São Bernardo do Campo

Epicentro do maior escândalo de corrupção de São Bernardo, imóvel recebe aval do governador Geraldo Alckmin para abrigar projeto de inclusão social

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Em nova movimentação para modificar a destinação do prédio onde seria instalado o Museu do Trabalho e do Trabalhador, o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, e o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, assinaram na quarta-feira (04/04) protocolo de intenções que formaliza plano de transformar o espaço, localizado na região central, em unidade de projeto social denominado Fábrica de Cultura. A oficialização do acordo aconteceu em cerimônia realizada no Palácio dos Bandeirantes, na Capital.

Na oportunidade, o governo do Estado se comprometeu a auxiliar a Prefeitura na adequação do imóvel, oferecendo subsídio técnico e contribuindo com a expertise dos profissionais da pasta de Cultura. Já o município deverá regularizar a documentação necessária e executar as devidas alterações na estrutura do imóvel. A estimativa é que aproximadamente 10% da obra ainda não tenha sido concluída, com pendências no acabamento, sistemas elétrico e hidráulico, além de paisagismo e mobiliário.

“É uma vitória para a cidade, que claramente não queria um museu com esse objeto. Diante disso, a melhor vocação que identificamos para aquele espaço é a Fábrica de Cultura. Essa assinatura fortalece muito proposta, porque deixa de ser um discurso e passa a ser uma realidade. É uma ferramenta essencial para que possamos pressionar o Ministério da Cultura (MinC), que já dispõe da minuta do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) avalizado pela Prefeitura e pelo Ministério Público (MP). Agora, podemos dar andamento à conclusão de obra”, destacou o prefeito Orlando Morando. A expectativa é que o TAC seja oficializado ainda neste semestre, com possibilidade de finalização da obra ainda em 2018.

De acordo com o chefe do Executivo, há ainda diálogo para que o valor apreendido na operação possa ser investido na conclusão da construção, com complemento de recursos municipais. “Nos locais em que já está instalada, a Fábrica de Cultura é um sucesso e muito bem avaliada, com uso por crianças, jovens e público da terceira idade. A unidade de São Bernardo será a segunda fora da Capital. Será um grande ganho para o município”, completou o governador Geraldo Alckmin.

A união de esforços entre o governo do Estado e o município visa reservar a área do antigo museu para iniciativa que de fato contemple a sociedade e moralizar o espaço – alvo de sucessivos escândalos de corrupção durante o governo anterior. Paralelamente à busca de alternativas para alteração da destinação do prédio, caminha na Justiça investigação sobre suspeita de desvios de recursos públicos destinados ao museu, durante a gestão do ex-prefeito Luiz Marinho (PT).

Escândalos – O projeto de construção do Museu do Trabalho foi iniciado em São Bernardo no ano de 2012, com a promessa de conclusão em janeiro de 2013. Ao longo deste período, a obra milionária foi abandonada. Além disso, a Construções e Incorporações CEI, vencedora da licitação, envolveu-se em série de escândalos, como manter um eletricista desempregado em seu quadro societário. Erisson Saroa Silva, segundo a Junta Comercial, possuía R$ 10,4 milhões em cotas da empresa.

Em dezembro do ano passado, o empreendimento foi alvo da Operação Hefesta, liderada da Polícia Federal (PF), MPF e Controladoria-Geral da União (CGU), culminando na prisão temporária de dois ex-secretários de São Bernardo, por suspeita de práticas irregulares e crime de corrupção. Estima-se que cerca de R$ 7,9 milhões foram desviados do projeto.

Por: Carla de Gragnani

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