Acolhimento na saúde garante redução da transmissão de aids entre mães e filhos

Palestrante aponta metas para doença deixar de ser epidêmica até 2030

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Os serviços de atenção básica e o acolhimento de gestantes nas unidades de Saúde têm sido as principais causas da redução da AIDS em crianças menores de cinco anos. A avaliação é da gerente da Área de Planejamento do Centro de Referência e Tratamento em DST/AIDS da Secretaria de Saúde do Estado, Vilma Cervantes, que esteve na terça-feira (19) em Cubatão para conversar com médicos, enfermeiros da Atenção Básica e chefes das unidades de saúde do município sobre o assunto.

De acordo com informações de Secretaria de Estado, a transmissão vertical, que ocorre durante a gestação, parto ou aleitamento, caiu de 445 casos em 1997 para 50 casos em 2011, uma redução de quase 90%. Apesar de o comparativo ser de 2011, é um padrão que se mantém. Em todo o Brasil, conta a palestrante, na comparação entre 2005 e 2015, a redução ficou em torno de 43,2%.

“Isso é fruto de quem trabalha com assistência básica, como vocês aqui na palestra”, disse Vilma Cervantes. Para trabalhadores da assistência básica em Cubatão, esse reconhecimento mostra o retorno do que ocorre no dia a dia. O gerente da Unidade Básica de Saúde (UBS) do Vale Verde, Anderson Mendes de Oliveira, destacou o acolhimento das gestantes: “Nosso trabalho é esse: acolher. Saber do fruto do que fazemos dá mais força para contiuar”.

A gerente da UBS da Ilha Caraguatá, Maria Aparecida da Costa, lembra de um caso de uma gestante que recebeu o vírus HIV transmitido pelo parceiro, hoje moradora de São Vicente, e que foi levada para a UBS por uma amiga que conhecia o serviço: “Temos material e condições de oferecer isso para nossa comunidade”.

Além do acolhimento nas Unidades Básicas de Saúde, Cubatão mantém o Centro de Triagem e Aconselhamento (CTA), na Rua D. Pedro I, 104, na Vila Nova. O CTA realiza exames para o diagnóstico do HIV, sífilis e hepatites. Qualquer pessoa, a partir de 12 anos, pode fazer os exames gratuitos e sigilosos sem necessidade de encaminhamento. Os resultados são entregues em consulta individual, com aconselhamento que irá esclarecer dúvidas e encaminhar para tratamento, se necessário.

Desafio – Vilma Cervantes apresentou as metas para que a AIDS deixe de ser considerada epidemia até 2030. Para que isso ocorra, a Unaids (agência da Organização das Nações Unidas) estabeleceu até 2020 a meta “90 90 90”, isto é, que 90% das pessoas com HIV sejam diagnosticadas, que 90% das pessoas diagnosticadas estejam em tratamento, e que 90% das pessoas em tratamento mostrem carga viral indetectável, reduzindo a praticamente zero o risco de transmissão.

O primeiro “90” está bem próximo no País. Dos 827 mil casos estimados de pessoas infectadas no Brasil, 715 mil (87%) estão diagnosticadas. O desafio está na manutenção do tratamento. Desses 715 mil, 677 mil chegaram aos serviços de Saúde, mas apenas 565 mil (68%) deram alguma continuidade ao tratamento e um número ainda menor, 455 mil (55%), mantém-se em tratamento, dos quais 410 mil (50%) já não apresentam mais carga viral.

As mortes por Aids no Brasil caíram de 22,9 pessoas por mil habitantes em 1995 para 5,8 por mil habitantes em 2016, mas devido à descontinuidade do tratamento, 2.508 pessoas ainda morrem ao ano por Aids no País. “Para atingirmos a meta da Unaids, temos que atingir zero discriminação em relação às populações mais vulneráveis e agir levando em conta os direitos humanos e a equidade entre as pessoas”, concluiu a palestrante.

A diretora de Vigilância em Saúde de Cubatão, Luciana Rozman, disse que as equipes da Secretaria de Saúde vão se voltar para ampliar a identificação de casos na cidade. “Essas informações da palestrantre vão ser usadas para nosso planejamento de como combater a epidemia em 2018”.

Texto: Alessandro Atanes – MTb 650/96 DRT-MT

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