Assim como outubro foi o “mês rosa”, dedicado a alertar as mulheres sobre o câncer de mama, novembro será o “mês azul”, destinado a conscientizar os homens a respeito do câncer de próstata.
Receber o diagnóstico de uma doença tão grave não é fácil para ninguém. O primeiro pensamento é concentrar suas energias para livrar-se dela. Dificilmente se leva em conta outras consequências, como, por exemplo, a preservação da fertilidade. São poucos os oncologistas que alertam os pacientes sobre a possibilidade de ficar estéril, temporariamente ou em definitivo, em função do tipo de câncer e dos tratamentos, como cirurgia, radioterapia e quimioterapia. No entanto, isso ocorre com muita frequência e há formas de garantir a chance de ter um filho no futuro.
Várias pesquisas indicam que menos de 20% dos homens com câncer, em idade fértil, receberam orientação sobre a possibilidade de infertilidade e as técnicas que estão à sua disposição para permitir que sejam pais após o tratamento. Preocupados em salvar a vida de seus pacientes, não são todos oncologistas que os informam sobre esse risco e como prevenir-se, procurando um profissional especializado em reprodução assistida.
Segundo o Dr. Edson Borges Júnior, especialista em reprodução humana e diretor científico do Fertility Medical Group, metade das pessoas que passam por tratamentos contra o câncer ficam estéreis. “O tumor é um tecido que se divide rapidamente. Os tratamentos das neoplasias, como radioterapia e quimioterapia, atingem não apenas estas células, mas todas as outras, inclusive as reprodutoras”, explica ele.
Uma pesquisa feita pela entidade, com 98 homens, mostra que os pacientes que escolhem congelar o sêmen para preservar a capacidade de reprodução têm, em média, 33 anos. E o tratamento contra o câncer é o principal motivo que os leva a utilizar a técnica.
Os tipos de câncer mais comuns no sexo masculino são os de próstata, testículo, Linfoma de Hodgkin e as leucemias. Com a detecção precoce, o avanço da medicina e das novas técnicas de tratamento, as taxas de sobrevida e de cura são cada vez maiores, chegando a 90%. Mas vale lembrar que um terço deles terá infertilidade permanente.
A preservação da possibilidade de ter filhos por reprodução assistida no sexo masculino é bem mais fácil do que na mulher. Após a puberdade, consiste apenas na masturbação (método não-invasivo), de preferência em várias amostras, e criopreservação (congelamento) do sêmen, antes do início do tratamento contra o câncer. Se, por alguma razão, o homem não conseguir ejacular, os espermatozoides podem também ser retirados diretamente dos testículos, com uma simples agulha ou uma pequena cirurgia. No caso de crianças, que ainda não ejaculam, a única forma é o congelamento de fragmentos dos testículos.
O sêmen é congelado a -196 oC e armazenado por tempo indeterminado. Além disso, é recomendado que se espere de seis a doze meses para a sua utilização, pois nesse período a fertilidade pode voltar ao normal.
Depois disso, quando o casal decidir ter filhos, será feita uma inseminação artificial na mulher, ou mesmo a Fertilização in Vitro, se necessário.