Segundo a Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição, a ingestão de nutrientes está diretamente relacionada ao bom funcionamento do cérebro, o que é fundamental no combate à ansiedade e ao estresse
Busque um nutricionista para auxiliar junto à equipe multidisciplinar na conduta nutricional adequada para o seu caso
No Brasil, a depressão e a ansiedade representam quase um quarto (23%) dos atendimentos ambulatoriais e hospitalares em saúde mental no Sistema Único de Saúde, segundo Organização Mundial da Saúde (OMS). E com a pandemia da covid-19, esse quadro foi agravado ainda mais, fazendo dos distúrbios psicológicos uma grande herança desse período. De acordo com a pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP) em onze países, o Brasil é o que mais tem casos de ansiedade (63%) e depressão (59%).
A ansiedade é uma doença multifatorial que atinge milhões de pessoas no mundo e assim como em outros transtornos psiquiátricos, há diversos fatores que podem desencadear a ansiedade, tais como: hábitos de vida inadequados, deficiência nutricional, idade, experiências traumáticas, mudanças hormonais, alterações genéticas e doenças, por ser diária e cíclica, a nutrição está fortemente interligada com os fatores hormonais e psíquicos, afirma Gabriela Teixeira Ribas, graduada em Nutrição, pós-graduada em Nutrição Clínica Funcional e com MBA em Gestão Integrada da Qualidade.
“Antigamente, o tratamento para transtornos emocionais como a ansiedade era exclusivamente com medicações. Atualmente, já sabemos a importância primordial da alimentação e da nutrição, sabe-se que existem vitaminas como C, D, complexo B e minerais como o magnésio que são necessários para auxiliar no transtorno da ansiedade do paciente”, explica Gabriela.
A má alimentação, diz a nutricionista, pode contribuir para a piora do quadro clínico dos indivíduos que vivem com ansiedade. Dessa forma, a nutrição pode contribuir para a melhora do quadro e para a qualidade de vida do ser humano, uma vez que o desequilíbrio nutricional afeta todos os sistemas do corpo humano, principalmente, o intestino. Gabriela Ribas relata que dentro da Nutrição Clínica Funcional, o intestino é considerado como o segundo cérebro humano por apresentar uma relação direta com o Sistema Nervoso e, desta forma, quando existe uma melhora no estado nutricional, consequentemente, há uma melhora nos sintomas da ansiedade, uma vez que um intestino saudável pode contribuir para um paciente emocionalmente estável.
De acordo com a OMS, ao menos 18,6 milhões de brasileiros, cerca de 9% da população, sofrem de algum transtorno de ansiedade. Além disso, nos últimos dez anos, o índice de obesidade entre os brasileiros, muitos por motivo de ansiedade, aumentou 60%, segundo a pesquisa Vigitel, feita pelo Ministério da Saúde. O problema atinge tanto homens quanto mulheres, e é mais frequente a partir dos 25 anos.
Conforme a especialista, os nutrientes importantes para a ansiedade e que dar uma maior sensação de calma e tranquilidade, são encontrados em alimentos como: kombucha, iogurte natural fermentado e iogurte de kefir, chá de folha de maracujá, camomila e melissa (que estimulem o GABA, neurotransmissor que ajuda no relaxamento). “Para melhorar a sensação de felicidade e alegria consuma mais aveia, amendoim, banana, amêndoa, pinhão, lentilha e feijão, que são alimentos ricos em triptofano e irão ajudar na produção de serotonina”, esclarece a nutricionista, com curso de Saúde Intestinal Vitafor Science e Saúde Gastrointestinal.
Entre os alimentos que também ajudam na manutenção dos neurotransmissores GABA e da serotonina, Gabriela exemplifica os alimentos ricos em magnésio, tais como o farelo de trigo, semente de abóbora, oleaginosas e arroz integral. Alimentos ricos em ácido fólico como as leguminosas, beterraba, amêndoa e gérmen de trigo, e alimentos fonte de vitamina C como a goiaba, acerola, kiwi, laranja, mexerica e limão. Segundo a profissional, esses alimentos também atuam como antioxidantes e anti-inflamatórios, assim como o ômega 3 encontrado nos peixes e nas sementes como linhaça, favorecendo a sensação de calma e tranquilidade. Ela também observa que para a manutenção da saúde intestinal, o ideal é consumir alimentos ricos em fibras prebióticas como as frutas e verduras, além da biomassa de banana verde ou batata yakon, para melhorar a qualidade das bactérias no intestino.
Um estudo publicado pelo Instituto de Medição e Avaliação da Saúde da Universidade de Washington (Health Metrics and Evaluation), em 2020, constatou que a má alimentação foi responsável por quase 11 milhões de mortes em 2017, contra 10,4 milhões de mortes causadas pela pressão arterial alta e 8 milhões pelo cigarro. Isso significa que, naquele ano, a alimentação desequilibrada e inadequada foi responsável por 1 em cada 5 óbitos no mundo inteiro. O Brasil ficou na 50ª posição no ranking dos países que registraram mais casos de morte relacionados com a alimentação não saudável (foram 195 países avaliados no total).
“Evite, consumir alimentos alérgenos e inflamatórios como alimentos industrializados, processados e ultraprocessados. Contudo, lembre-se que para chegar a um estado de saúde onde você se sinta melhor e mais feliz, é necessário um esforço inicial. Todos nós devemos ser cuidados de forma individualizada e integrativa, por este motivo, respeite suas particularidades, escute seu eu interior e lembre-se de sua individualidade bioquímica. E como pessoa, busque um nutricionista para auxiliar junto à equipe multidisciplinar na conduta nutricional adequada para o seu caso”, finaliza Gabriela Teixeira Ribas, que tem 10 anos de experiência desenvolvida nas áreas de nutrição clínica, social e gestão de Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN).
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