Programa ‘Córrego Limpo’ revitaliza cursos d’água na capital

Por meio de parceria entre Estado e município, mais de 1.600 litros de esgoto por segundo deixaram de ser lançados em SP

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Córrego Cruzeiro do Sul, depois da intervenção do programa Córrego Limpo
SB post

Com 151 cursos d’água despoluídos entre 2007 e 2017, o Programa Córrego Limpo alcançou uma área de 213 km² de bacias da cidade de São Paulo. Por meio da iniciativa conjunta entre Governo do Estado e prefeitura da capital, mais de 1.600 litros por segundo de esgoto deixaram de ser lançados e passaram a ser tratados pela Sabesp, beneficiando diretamente 2,5 milhões de pessoas.

Os córregos voltaram a ter água limpa, permitindo que os moradores passassem a usar as margens como área de lazer. O investimento da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo foi de R$ 248 milhões nesse período.

“O programa é importantíssimo, pois recupera nossos córregos e ribeirões, limpando a sujeira e fazendo canais, tudo isso por parte da prefeitura. Já a Sabesp faz a ligação e coleta de esgoto na capital”, ressalta o governador Geraldo Alckmin.

A população tem papel fundamental, ao evitar o despejo de lixo e denunciar lançamentos irregulares de esgoto, por exemplo, para que haja fiscalização. “Temos claro que 65% da poluição dos córregos são provenientes do lançamento de esgotos e 35% se originam da chamada poluição difusa, com lixo jogado pela população e resíduos derivados da frenagem de veículos”, explica o diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato.

Execução

Nos seis anos iniciais, entre 2007 e 2012, o Córrego Limpo funcionava como um convênio, firmado entre a Sabesp e a prefeitura de São Paulo, com atribuições definidas a cada uma das partes.

Ao poder municipal cabe a limpeza do leito e das margens dos córregos, manutenção de galerias de águas pluviais e bocas-de-lobo, verificar possíveis ligações irregulares nas galerias, contenção de margens, fiscalização de imóveis não conectados às redes coletoras de esgoto e reurbanização de ocupações às margens dos córregos para permitir tubulação de esgotamento.

Já a Sabesp é responsável por mapear, inspecionar e realizar a manutenção de redes coletoras, executar obras de remanejamento, ligações, interligações e prolongamento de redes coletoras, monitoramento da qualidade das águas e conscientização da população local.

Retomada

O programa teve as atividades paralisadas entre 2013 e 2016, em razão da falta de adesão da administração municipal à iniciativa, prejudicando 50 córregos anteriormente despoluídos, que precisaram ser requalificados após a retomada do projeto. A partir de 2017, o Programa Córrego Limpo foi retomado e passou a constar no Contrato de Programa da Sabesp com o município.

O termo de cooperação prevê uma cláusula de obrigatoriedade de adesão na qual cada uma das partes se compromete a cumprir as responsabilidades na limpeza de córregos. Nessa retomada, uma das principais preocupações é a recuperação dos 69 córregos que haviam sido limpos, mas voltaram a ficar sujos. Atualmente, são 40 ainda a restaurar.

No ano passado, a Sabesp investiu mais R$ 8 milhões para manutenção dos 149 córregos despoluídos anteriormente e para limpar outros dois: Uberaba e Parque M’Boi Mirim, chegando assim a 151 cursos d’água limpos na capital. A bacia deles ocupa uma área de 13 km² com mais de 240 mil moradores.

Para este ano, a Sabesp investirá mais R$ 9 milhões e serão totalmente despoluídos os córregos Casa Verde I, Casa Verde II e Tapera Vendas, em São Mateus. Até 2020, serão entregues outros quatro: Pacaembu (primeira etapa já concluída em dezembro de 2017), Ipiranga, Vila Leopoldina e Cemitério da Lapa. O valor a ser aplicado para o próximo biênio está sendo definido em conjunto com a prefeitura.

Projeto Tietê

O Programa Córrego Limpo é essencial para a despoluição do Rio Tietê, já que todos os cursos d’água da Grande São Paulo acabam desaguando de alguma maneira no principal rio paulista. Outra iniciativa nesse sentido é o Projeto Tietê, maior programa de saneamento do Brasil. Já foram investidos US$ 2,7 bilhões em coleta e tratamento de esgoto na Região Metropolitana da capital paulista.

Nesse período, aumentou a coleta de esgoto de 70% para 87%, e o tratamento de 24% para 68%. Isso significa que a Companhia passou a tratar o esgoto de 8,5 milhões de pessoas, o equivalente a toda a população de Londres.

“Não tem como falar em despoluir o Tietê se não fizermos um trabalho conjunto de limpeza dos córregos que deságuam no curso d’água, no Tamanduateí e no Pinheiros”, destaca o diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato.

O Projeto Tietê tem resultados claros, com a redução significativa de 400 quilômetros da mancha de poluição do rio. No início das ações do programa, o trecho poluído era de 530 quilômetros, de Mogi das Cruzes até Barra Bonita. Em 2016, era de 130 quilômetros de extensão, de Itaquaquecetuba a Cabreúva, segundo monitoramento da ONG SOS Mata Atlântica. De acordo com os dados, a mancha de poluição do Rio Tietê recuou 75%.

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