São Paulo está na ponta da produção de diversos produtos agrícolas. A fungicultura, por exemplo, voltada para o cultivo de cogumelos, está cada vez mais presente no território paulista e, hoje, coloca o Estado como o maior produtor do gênero.
Por mais que esse tipo de produção ainda seja pouco comentada, o consumo de cogumelos vem apresentando crescimento, sobretudo, pelos paulistas. Diante disso, muitos especialistas estão cada vez mais desenvolvendo pesquisas e aprimorando seus conhecimentos em relação às espécies comestíveis.
Pensando nisso, a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento, participou de um recente levantamento bibliográfico que apontou 90 espécies de cogumelos comestíveis no Estado. Desse total, 12 se destacam com potencial produtivo.
Atualmente, a maioria dos cogumelos produzidos no Brasil é de origem de países de clima frio. No entanto, embora seja pouco discutida a possibilidade cultivar espécies do gênero nas matas e entorno de São Paulo, o pesquisador de Monte Alegre do Sul da APTA, Daniel Gomes, enxerga um ponto positivo nesse levantamento.
“Um cogumelo nativo está acostumado com o nosso clima e isso auxiliaria a ter uma maior produção. Além disso, por se assemelharem a espécies já produzidas, os fungicultores estão acostumados com sua forma de cultivo”, completa.
Realizada em conjunto com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e o Instituto Federal de São Paulo (IFSP), a pesquisa foi motivada pelo questionamento frequente desses fungicultores sobre o assunto. Os pesquisadores envolvidos no projeto afirmam que as informações sobre comestibilidade de cogumelos são provenientes do conhecimento de povos nativos, como indígenas das Américas.
“Os estudos colaborativos entre povos nativos, antropólogos, taxonomistas, micólogos, produtores e chefs de cozinha são essenciais para a viabilização do cultivo de diferentes espécies de cogumelos comestíveis do Brasil e levá-los para a mesa da população”, explica o pesquisador da APTA.
Dados da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP), indicam que a comercialização de shimeji, shiitake e champignon na CEAGESP vem crescendo gradativamente nos últimos dez anos. A entidade é responsável por comercializar 10% da produção dos 505 produtores distribuídos por 93 municípios do Estado.
Nem todo cogumelo é comestível
A pesquisadora do INPA, Noêmia Kazue Ishikawa, comenta sobre os cuidados que as pessoas devem ter ao coletar cogumelos na natureza. “Não podemos encontrar [uma espécie] e dizer se é ou não um cogumelo comestível. Também não há nenhuma análise laboratorial que consiga informar se uma espécie desconhecida é comestível ou tóxica”, explica.
Segundo ela, não é recomendado que as pessoas consumam os cogumelos colhidos na natureza sem antes análise de especialistas na identificação. “Problemas com intoxicação são sérios e podem levar à morte”. O caminho, sendo assim, é realizar a coleta, analisar dados morfológicos e/ou moleculares para identificar se é uma espécie conhecidamente comestível.
A especialista ainda conta que coletar e conhecer cogumelos nativos tem uma enorme importância, principalmente para conhecer as espécies antes de destruí-las. Essa é uma forma de proteger a biodiversidade das florestas e para dar opções aos produtores em relação a uma produção mais sustentável.
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