Tão importante quanto se ater às “taxas zero” é saber identificar qual será o custo total da sua carteira de investimentos.
São Paulo – SP,04/09/2017 – Quem acompanha o mercado financeiro deve saber que algumas corretoras adotaram o discurso de cobrar “taxa zero” para determinados investimentos. O termo é usado para a prática da corretora isentar o cliente do pagamento de uma ou mais taxas, normalmente entra nesse benefício a taxa de custódia de títulos.
Mas, se agora muitas corretoras estão falando de “taxa zero”, quanto custava antes? Bem, para o economista e especialista em finanças, Alexandre Prado, isso varia muito de corretora para corretora e de taxa para taxa, ele contextualiza: tenhamos como exemplo uma corretora que cobrava 0,30% ao ano de taxa de administração para títulos do Tesouro Direto e agora não cobra nada. Outra cobrava entre 0,10% e 0,39% também ao ano e deixou agora de cobrar. Outras mantiveram a cobrança da mesma taxa entre 0,10% e 0,20% ao ano e reduziram a cobrança de outras taxas. “Genericamente falando, uma estratégia comum adotada pelas corretoras é zerar uma taxa e pesar a mão em outra”, reitera.
Alguns especialistas defendem que as “taxas zero” não chegam a ser uma inovação, porque várias corretoras já trabalhavam com taxa zero especificamente para custódia de títulos; e aquelas que ainda estavam divergindo da maioria do mercado decidiram se adaptar para não perderem para a concorrência. Mas várias ainda adotam o discurso como estratégia de marketing. “Seria inovação se além da isenção da taxa a corretora oferecesse algum serviço diferenciado ao investidor”, argumenta Sérgio Dias, economista e consultor do SEBRAE.
Na opinião de Luciana Fiaux, Coach de Finanças e Negócios, as corretoras preferiram ganhar mais volume e comunicam a “taxa zero” como forma de atrair mais investidores. “Existe um programa de incentivo em que a Bolsa paga um valor para as corretoras por cada novo cliente aberto e as corretoras decidiram então trocar o que recebiam de taxas dos investidores por esse incentivo”, diz.
Os analistas também apontam o movimento das ‘startups’ de tecnologia financeira ou os próprios bancos como um dos motivadores da prática da taxa zero . Eles observam que algumas das corretoras possuem uma estrutura tradicional e pesada e outras – como as ‘startups’ fintechs – adotam políticas claras de custos e preços reduzidos devido ao modelo de negócios que seguem. Então, o que as mais antigas – e pesadas – estão fazendo é se adaptar às novas realidades de mercado.
E concordam sobre a importância de que o investidor entenda com clareza quem ele remunera ao aplicar, ou seja, quem está envolvido e quais são os custos explícitos e ocultos de um investimento. Já que o dinheiro investido passa por “muitas mãos” entre o dia da aplicação inicial e o do resgate. Existem o emissor do título, a corretora, os agentes autônomos, o banco, a BM&FBovespa, a Cetip, e nas duas pontas, o investidor.
E nesse fluxo existem diversos custos – alguns visíveis e outros ocultos. Para o investidor, o que conta não é o valor isolado de cada taxa, mas sim quanto dinheiro ele investiu e quanto ele vai conseguir resgatar no futuro, já descontadas todas as taxas e impostos.
Um dos custos embutidos mais relevantes é o Spread, que é a diferença entre o que o tomador, no caso um Banco, paga ao investidor, na forma de juros, e o que ele aufere ao aplicar o seu dinheiro. No caso das corretoras, é a diferença entre o juro que elas recebem do emissor e o que elas pagam ao investidor.
Como o Spread é a diferença entre o que o tomador, no caso um Banco, paga ao investidor, na forma de juros, e o que ele aufere ao aplicar o seu dinheiro, é importante que o investidor conheça sua lógica para administrar seus investimentos e saber como esse investimento é aplicado.
Normalmente, vale a pena para a corretora zerar uma taxa de administração e ter muitos clientes investindo para ganhar nesse spread. É importante para o investidor entender isso para que fique claro que a corretora é quem decide a que taxa aquele investimento vai ser remunerado ou seja, qual a rentabilidade de um título.
Alexandre Prado esclarece que para deixar de cobrar a custódia, as corretoras deverão criar ou aumentar os spreads, ou seja, diminuir ao retorno dos títulos ofertados o investidor. “Como esse custo não é visível ao investidor, seria interessante comparar as taxas de algumas corretoras para avaliar se a rentabilidade é de fato atrativa”, reitera o economista.
A recomendação geral dos especialistas para o investidor é para aproveitar as isenções de taxas, mas não se concentrar apenas em custo. A experiência de investir vai além das tarifas, e passa por serviços ofertados, atendimento e diversidade/atratividade de produtos; analise os custos pagos versus a rentabilidade auferida.
“Compare, mais do que nunca, as taxas oferecidas; negocie as taxas com sua corretora ou banco atual; e tenha contas em mais de uma corretora, adquira o hábito de pesquisar antes de investir. As ofertas podem variar bastante, assim como os produtos disponíveis nas plataformas, aconselha Alexandre Prado”.
É preciso olhar os produtos que estão disponíveis e suas respectivas taxas, a diversidade desses produtos, o atendimento e as ferramentas da corretora . “De nada adianta não pagar nada para operar Tesouro Direto, por exemplo, se sua corretora não oferecer algo além dos títulos públicos ou se te oferecer um péssimo home-broker no dia em que você for operar ações”, alerta Luciana Fiux .
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