Em Itanhaém, educação de Jovens e Adultos dá segunda chance a alunos de diversas idades

Miriam e Daniel: mãe e filho estudam juntos na EJA

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Quem não gostaria de uma segunda chance? A Educação para Jovens e Adultos (EJA) dá oportunidade àqueles que, por qualquer motivo, deixaram de frequentar a escola e desejam retomar os aprendizados. Em Itanhaém, existem três polos dos Ciclos I e II, que correspondem ao Ensino Fundamental. E neles, diversas demonstrações de que nunca é tarde para buscar seus objetivos.

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As aulas acontecem nas escolas municipais Célia Marina Dal Pozzo Borges (Umuarama), Eugênia Pitta Rangel Veloso (Anchieta) e Harry Forssell (Oásis), no período noturno. No total, 318 pessoas foram matriculadas para o primeiro semestre deste ano. São dois períodos de inscrição por ano – o próximo abrirá em junho.

Quem explica um pouco sobre a dinâmica da EJA é Renata Luz Leite, de 48 anos, que é professora de Ciências e Matemática. Ela dá aulas há aproximadamente sete anos na EJA. “A principal diferença é que o adulto tem uma experiência de vida que acrescenta muito às aulas. Quando eles voltam a estudar, eles sabem a necessidade disso”, comenta.

Nas salas de aula, pessoas de diferentes idades se misturam. O ambiente, no entanto, é familiar. Prova disso é a história de Miriam Fernandes de Oliveira, 32 anos, que entrou na EJA neste ano com o intuito de retomar os próprios estudos e também acompanhar o filho Bruno Daniel, de 15. Os dois estão no equivalente ao 7º ano.

Entretanto, Miriam também possui seus próprios objetivos. Ela chegou a frequentar a EJA em 2016 e se viu forçada a parar novamente por conta do trabalho. Agora, ela quer recuperar o tempo perdido. “Quero terminar, para poder fazer um curso técnico ou faculdade. É preciso se estruturar para ter um serviço, ou a pessoa terá dificuldade para encontrar alguma coisa. Quero estudar Administração ou algo do gênero”, disse.

“Naquela época (quando parou de estudar, aos 12 anos), não dava valor ao que me faz falta hoje, que é o conhecimento. Infelizmente, acordei de forma tardia. Sempre tive essa vontade de retornar, mas faltava iniciativa e coragem”, afirmou Miriam. O fato de estudar ao lado do filho – e de outros colegas mais novos – contribui para o aprendizado de ambos. “Hoje, a EJA não abrange apenas os mais velhos, tem os adolescentes que possuem defasagem escolar, então serve para outras faixas etárias”.

Conhecimento sobre a vida fez com que Maria Helena entrasse com uma bagagem totalmente diferente dos jovens

Outro exemplo é Maria Helena Alves da Silva, de 44 anos, que está prestes a concluir o Ensino Fundamental, já que está no equivalente ao 9º ano. Ela ficou ausente da escola desde que ficou grávida pela primeira vez, parando por 27 anos. Entretanto, o conhecimento sobre a vida fez com que ela entrasse com uma bagagem totalmente diferente dos jovens.

“Não encontrei muitas dificuldades assim que entrei, principalmente em Geografia, Ciências, Língua Português e História. Consigo fazer todas as atividades e tirar notas boas. Mesmo em Matemática, que é um pouco mais difícil, tenho atingido os resultados, com ajuda dos professores”, conta.

Sua história difícil, que a obrigou a trabalhar desde cedo, fez com que Maria Helena procurasse evitar que os seus filhos tivessem o mesmo destino. A mais velha, Nathalia, tem 25 anos e está se formando em Arquitetura; já o mais novo, Gustavo, tem apenas 10, estuda na Rede Municipal e faz aulas de inglês, karate e natação em Itanhaém. Ambos tiveram papel fundamental para convencer a mãe a voltar às aulas.

“Eu quero aprender mesmo, chegar num lugar sem sentir vergonha de dizer que não sei ler, escrever ou parei no 5º ano. Hoje em dia, todo mundo tem oportunidade de estudar. Já me senti muito humilhada em várias vezes que fui procurar emprego, mesmo quando era mais nova. Na cabeça dos jovens, eles acham que terão o pai e a mãe por perto a vida inteira, mas depois, quando é necessário procurar emprego, fica muito difícil”, conta.

Outro exemplo: Daniel parou de estudar para trabalhar na roça e, agora, tem a oportunidade de recomeçar

Daniel Bento José Marinho, de 37 anos, parou de estudar quando era mais novo por questão de necessidade. “Tinha que ajudar meus pais no serviço. Sou de Pernambuco e trabalhava com agricultura. A situação era muito difícil na roça”, disse ele, que veio para a Cidade em 1999, tem dois filhos (um de 10 e outro de 16 anos) e atualmente trabalha como pedreiro.

Um fator que ajuda é poder estudar próximo da esposa, Marilene, que está no 5º ano. Diferentemente do exemplo de Miriam e seu filho, Daniel está no 8º ano, não compartilhando exatamente as mesmas matérias. Mas a experiência em si já ajuda, inclusive, fora da escola. “Esperamos que essa oportunidade seja prolongada para muitas pessoas. Muitos têm essa dificuldade, mas por meio do nosso exemplo, da amizade que fazemos com as pessoas, estamos tentando convencer alguns a entrarem para o EJA. Em vez de ficar em casa sentado, assistindo televisão, você pode distrair sua mente e aprender coisas que nem imaginava”.

Com relação aos estudos, ele confessa: “Foi meio dificultoso para me readaptar, para dar continuidade. Agora, tenho que estudar e trabalhar ao mesmo tempo”. Entretanto, os obstáculos não foram suficientes para interromper sua vontade de aprender e, ao mesmo tempo, de sonhar. “Hoje, eu trabalho na mão de obra, e futuramente posso ser engenheiro, advogado. O que não pode faltar é esperança, por isso, vamos estudar”.

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