Após enfrentar quedas em 2020, o varejo de moda e calçados tem se fortalecido implantando novas táticas para conquistar o cliente em domicílio
O varejo de moda e calçados foi um dos mais afetados na pandemia. Em 2020, a queda do setor modista foi de 22,7%, a maior de toda a série da Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE. Com um cenário difícil e incertezas em relação à retomada das vendas presenciais, novas alternativas para driblar a crise ganharam força, atraindo novos públicos e fidelizando clientes.
Um dos destaques do período é a ascensão do fashion delivery, também reconhecido como “venda condicional” ou serviço de “malinha”, algo que começou nas lojas de pequeno e médio porte, mas que tem se destacado como uma estratégia de engajamento importante para grandes redes de moda e calçados, como Arezzo, Hering, Reserva e YouCom. O modelo envia para a casa do consumidor produtos selecionados na loja on-line ou através do contato direto com o vendedor da loja física, para ele então provar e decidir se a compra será de fato finalizada. Uma forma proativa de tornar a experiência de compra mais cômoda, sem sair de casa, e aproximar os 59% da população ainda resistentes em comprar roupas online por não poder experimentar os produtos e outros 20% por medo de não receber o que foi comprado, de acordo com dados do Sebrae.
Para Rafael Reolon, diretor do segmento de calçados da Linx, especialista em tecnologia do varejo, a modalidade está crescendo: “Com o mercado se aquecendo novamente, o varejista está investindo em novas estratégias, e o fashion delivery é uma delas. É um formato que garante mais conforto para o cliente e ao mesmo tempo gera novas oportunidades de alcance e fidelização para a loja”, comenta. A exemplo, a Aflora Shoes, loja especialista em calçados e cliente Linx, tem 40% do faturamento total apoiado em vendas condicionais. Mas a modalidade também vem despertando interesse de grandes redes, como a YouCom, marca das Lojas Renner, que utiliza o modelo desde 2019 e a taxa de conversão de pedidos chegou a 92%, e a Arezzo, empresa do setor de calçados, bolsas e acessórios femininos, em que 9% do faturamento da rede no segundo trimestre deste ano foi através dessa modalidade.
O segredo para o sucesso da estratégia, para Reolon, é não apenas impactar novos clientes, mas também dar mais alternativas para a jornada de compra do novo consumidor, que é imediatista e quer que a marca se adapte à realidade e rotina dele. “Nos dias de hoje, não basta investir em produtos de qualidade, todo o processo deve entregar a melhor experiência, desde o atendimento – que precisa ser personalizado e pessoal para conquistar o cliente – até uma entrega de qualidade e um cuidado especial após, trazendo o consumidor para perto da marca. Com o fashion delivery, o varejista tem a oportunidade de construir uma relação de confiança e contato constante com aquele cliente”, afirma. “As redes sociais também podem funcionar como um gancho para atrair o consumidor a usufruir dessas estratégias. Aqui, vale criatividade na hora de utilizar o marketing ao favor de quem divulga e de quem consome”, explica o executivo da Linx.
O modelo de clubes de assinatura, uma derivação do fashion delivery, também saltou 32% no primeiro trimestre de 2021 em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com a Betalabs. São “malinhas” personalizadas, com produtos já escolhidos pelo cliente, enviadas periodicamente, uma jogada que aproxima a pessoa da marca ao mesmo tempo em que proporciona uma receita recorrente para a loja.
O segundo semestre é o maior momento de vendas, justamente por conta de datas como a Black Friday e o Natal. “O timing é perfeito para investir em novas modalidades, quando se pensa no potencial de vendas que o fashion delivery pode proporcionar. E para quem já é adepto da venda condicional, é a chance de direcionar ações especiais para o cliente que usufrui do modelo, oferecendo promoções e descontos vantajosos durante datas que entregam os maiores picos de venda”, finaliza Reolon.
Website: http://www.linx.com.br