Vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) realizou uma série de estudos sobre as águas subterrâneas da Bacia do Rio Baquirivu-Guaçu. O trecho analisado envolve os municípios de Guarulhos e de Arujá, na Grande São Paulo.
O projeto foi financiado pelo Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fehidro) e teve como tomador a Fundação Agência da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê (Fabhat), com conclusão em dezembro de 2017.
O objetivo da pesquisa foi fornecer parâmetros para auxiliar na gestão dos recursos hídricos da região, com destaque para as instalações do Aeroporto Internacional Guarulhos. Conduzido pelo Laboratório de Recursos Hídricos e Avaliação Geoambiental do IPT, o levantamento indicou potencial positivo de exploração das águas em áreas da bacia.
Abrangência
Em 2013, o IPT finalizou um relatório com dados para a elaboração do Plano de Desenvolvimento e Proteção Ambiental (PDPA) e de uma minuta de lei de modo a estabelecer diretrizes para ocupação dos mananciais da sub-bacia hidrográfica Alto Tietê-Cabeceiras. No trecho, estão localizados seis municípios e a nascente do Rio Tietê.
“Durante o projeto, os membros do Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê levantaram a necessidade de um estudo na região do Rio Baquirivu-Guaçu, por conta da suspeita de um rebaixamento do lençol freático em uma área de Guarulhos. A pesquisa era necessária como ferramenta que poderia fornecer subsídios para estabelecer uma área de restrições e controle”, ressalta José Luiz Albuquerque Filho, pesquisador do IPT e coordenador do projeto recém-concluído.
O estudo do IPT foi conduzido a partir dos parâmetros de qualidade e quantidade de água. Quanto ao primeiro fator, a equipe do laboratório analisou informações sobre poços e solicitou análises físico-químicas para identificar sinais de contaminação. Mapas foram criados para indicar as propensões naturais do aquífero a sofrer impacto de uma poluição disposta no solo.
“Após a elaboração do mapa de vulnerabilidade em relação à contaminação das águas subterrâneas, trabalhamos com as fontes potenciais de poluição”, explica o pesquisador. Para o estudo, as equipes técnicas consideraram os dados levantados pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), que conta com um sistema de informação sobre fontes de poluição denominado “Sipol Web” (Sistema Integrado de Fontes de Poluição). O banco de dados aponta todas as fontes potenciais de poluição, além de registrar as áreas de contaminação confirmadas.
Conclusão
De acordo com a equipe do IPT, não foi encontrada nenhuma contaminação de extensão expressiva. “Selecionamos uma quantidade de poços tubulares, também conhecidos como semiartesianos, e fizemos visitas no local para saber o quanto era retirado dos poços e o quanto esses espaços podem fornecer, de modo a se calcular o que se denomina, em Hidrologia, de balanço hídrico”, explica a pesquisadora Nádia Franqueiro Correa, também participante do levantamento.
“A nossa surpresa, ao contrário do que se esperava, é que na maior parte da área existe uma extração proporcionalmente muito pequena, ou seja, há uma disponibilidade grande de água subterrânea para ser aproveitada nessa bacia. Em vez de se indicar no estudo a questão da restrição, foram colocadas orientações para a gestão”, afirma o pesquisador José Luiz Albuquerque Filho.
Distribuição
A produção de água potável do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Guarulhos corresponde a cerca de 13% do consumo de toda a cidade. O volume restante tem como origem o sistema da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), de acordo com dados da prefeitura municipal.
Os sistemas produtores próprios, operados pelo Saae, utilizam captações superficiais e subterrâneas por meio das estações de tratamento de água, além de 28 poços artesianos espalhados na cidade. A população abastecida chega a 1,.32 milhões de habitantes. Vale destacar que, dos 87% do Sistema Adutor Metropolitano que são fornecidos pela Sabesp, 74% vêm do Sistema Cantareira e 26% do Alto Tietê.
Mesmo com um cenário de acréscimo significativo no número de poços, não se verificou um impacto elevado em relação à disponibilidade de água do subsolo. “Ou seja, em linhas gerais, tanto em relação à quantidade quanto à qualidade, não é uma situação preocupante. Saímos da possibilidade de restrição para olhar para a disponibilidade”, ressalta José Luiz Albuquerque Filho. De acordo com o integrante do IPT, o aproveitamento dos aquíferos não seria suficiente para resolver a demanda total das cidades.
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