Campanha “Mulheres, salvem seus úteros!” completa 22 anos e chama atenção para o excesso de histerectomias no Brasil

Dr. Claudio Basbaum, criador da campanha, destaca a importância do papel da mulher na escolha da melhor forma de tratamento e na qualidade de sua assistência médica.

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O número de mulheres que perdem o útero no Brasil é alarmante. Estima-se que entre 200 e 300 mil mulheres perdem seu órgão matriz por ano, com a taxa de mortalidade chegando a três óbitos a cada mil cirurgias realizadas.

Os miomas respondem por cerca de 60 a 70 % destas cirurgias mutiladoras (histerectomia). Cerca de 50% das mulheres têm, ou terão mesmo, miomas em algum estágio da vida, muitas vezes assintomáticos, e mais de 1/3 delas na fase procriativa (até os 38 anos).

Segundo estatísticas do SUS, a histerectomia é a segunda cirurgia mais frequente entre as mulheres em idade reprodutiva, vindo logo após as cesáreas realizadas.

“Grande parte dos miomas não causam qualquer sintoma e são detectados no exame ginecológico ou através de uma ultrassonografia de rotina; assim, por não causarem problemas, as mulheres podem conviver com eles sem precisar fazer nada”, explica o Dr. Claudio Basbaum, ginecologista e obstetra da Clínica Pró-Matrix.

Em 1995, Dr. Claudio já percebia esse excesso cirúrgico que era cometido contra as mulheres e para chamar a atenção da sociedade, lançou a campanha permanente “MULHERES, SALVEM SEUS ÚTEROS!”. Trata-se de uma iniciativa humanitária que convida a sociedade a refletir sobre a necessidade de diminuir os números de histerectomias no Brasil.

“Devemos estimular as mulheres a exercerem seu direito de opção por novas técnicas e descobertas científicas, participando ativamente da melhora na qualidade de sua assistência médica e na escolha do seu tratamento”, ressalta o especialista.

Muitos procedimentos e cirurgias desnecessárias, por vezes com resultados nocivos, poderiam ser evitados.

A histerectomia é uma violência contra a mulher e pode causar uma série de efeitos colaterais imediatos como: febre, infecção urinária, doença inflamatória pélvica, infecção da ferida operatória, sangramento, aderências, complicações anestésicas e lesão de órgãos adjacentes. Existem ainda os efeitos tardios, como distúrbios urinários (perda de urina e urgência urinária entre outros), alterações da estática dos órgãos pélvicos inclusive com prolapso (queda da bexiga/reto/cúpula vaginal) e prisão de ventre. Por fim, podem ocorrer ainda outros efeitos colaterais relacionados à sensação de castração causada pela perda do órgão, tais como: depressão, insônia, diminuição da autoestima, perda do apetite, dores de cabeça, redução do desejo sexual, inabilidade em atingir o orgasmo, caracterizando uma sensação de vazio interior, quadro este que é chamado de “síndrome da mulher oca”.

Por tudo isso, é fundamental que haja uma conversa franca entre a mulher e o médico para que sejam estudadas outras formas de tratamento e evitar cirurgias desnecessárias.

“A ideia preventiva de saúde é de respeito absoluto à integridade física e psíquica da mulher”, diz o especialista.

Quando devem ser realizadas histerectomias:
Só devem ser indicadas para mulheres com problemas graves na região pélvica quando outros tratamentos clínicos não tiveram sucesso e consiste na retirada do útero e, dependendo da gravidade da doença, das trompas e dos ovários também.

Tipos de histerectomia:
• Total : retirada do corpo do útero por inteiro;
• Subtotal: retirada do corpo do útero, mantendo a sua parte inferior, isto é, o colo.

Sintomas comuns na mulher que tem o(s) mioma(s)
“Se você tem mioma e não tem sintoma, provavelmente não vai precisar de uma cirurgia. Deverá apenas fazer controles periódicos, através de exames ginecológicos complementados por exames de imagem, tais como ultrassonografia ou mesmo ressonância magnética da pelve.”, explica Dr. Claudio Basbaum.

Se a paciente não tiver dor, sangramento excessivo, anemia decorrente deste sangramento, desconforto por compressão de órgãos vizinhos ou que esteja associado à sua infertilidade, podemos monitorar a presença desses nódulos para controle de seu eventual crescimento. A intervenção clínica ou cirúrgica deverá ser indicada apenas no caso de tornarem-se sintomáticos.

“Não aceite passivamente a indicação de uma histerectomia: procure uma segunda opinião!”, conclui Dr. Claudio Basbaum.

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