O aumento do preço do diesel, principal combustível utilizado no transporte de cargas no Brasil, tem gerado um efeito cascata na economia, impactando diretamente o valor do frete.
As consequências se estendem para diversos setores, desde o agronegócio até o comércio varejista, e exigem medidas para mitigar os impactos e buscar alternativas mais sustentáveis.
As flutuações no preço do diesel resultaram em um novo ajuste nos valores do frete.
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) anunciou a atualização dos pisos mínimos no Diário Oficial da União (DOU).
Consequentemente, os custos de frete para o transporte de carga de lotação aumentaram em média 3,91%.
De acordo com a Lei nº 13.703 de 2018, esse ajuste está associado ao mecanismo conhecido como “gatilho”.
Em outras palavras, trata-se de um mecanismo que leva em consideração as variações no preço do diesel S10 nos postos de combustível para determinar se haverá aumento ou redução nos valores do frete.
Dessa forma, sempre que a oscilação no preço do combustível ultrapassar os 5%, a tabela de fretes é atualizada.
Efeitos do aumento do diesel no preço do frete
- Repasse do custo aos consumidores: O aumento do diesel leva a um aumento do custo do frete, que é repassado aos preços dos produtos finais, impactando a inflação e o poder de compra da população.
- Redução da margem de lucro das empresas: As empresas de transporte, especialmente as de menor porte, podem ter suas margens de lucro reduzidas, o que pode levar à diminuição da competitividade e até mesmo à falência de algumas empresas.
- Desaceleração da economia: O aumento do frete pode desacelerar a economia, como um todo, ao dificultar o escoamento da produção e o comércio de produtos.
Segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), entre os dias 20 e 26 de agosto, o preço médio do litro do diesel S10 atingiu R$6,05, representando um aumento de 10% desde o último ajuste na tabela de fretes.
Conforme apontado pela economista do Instituto Paulista de Transporte de Carga (IPTC), Raquel Serini, o frete para cargas frigoríficas registrou o maior aumento, alcançando 6,16%. Em contrapartida, o menor reajuste, de 3,92%, foi aplicado aos fretes de operações envolvendo cargas perigosas.
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Medidas para mitigar os impactos
- Criação de um fundo de estabilização do preço do diesel: O governo pode criar um fundo de estabilização para ajudar a amortecer oscilações no preço do diesel, reduzindo o impacto no frete.
- Investimentos em alternativas ao diesel: É necessário investir em alternativas mais sustentáveis ao diesel, como biocombustíveis e veículos elétricos, para reduzir a dependência do petróleo.
- Melhoria da infraestrutura logística: A melhoria da infraestrutura logística, como a construção de ferrovias e portos, pode ajudar a reduzir os custos do transporte de cargas.
A tabela de frete, implementada em 2018, estabelece o valor mínimo a ser pago pelas transportadoras e embarcadores, conforme especificado pela legislação.
Os preços são calculados com base no quilômetro rodado por eixo, levando em consideração a distância percorrida e o tipo de carga transportada.
Para determinar o valor exato, uma planilha de cálculo é utilizada, permitindo aos caminhoneiros calcular a remuneração adequada pelo serviço prestado.
Negociar o frete de forma eficiente é crucial. Um estudo conduzido pela Fretebras em 2022 revelou que isso pode resultar em até 20% a mais de lucro para os caminhoneiros.
O levantamento foi realizado com motoristas cadastrados na plataforma eletrônica de oferta de frete.
Alternativas para o setor de transporte
- Negociação de preços: As empresas de transporte podem tentar negociar preços com as empresas de combustíveis e buscar alternativas mais competitivas.
- Diversificação da carga: Diversificar a carga transportada pode ajudar a reduzir os riscos e aumentar a resiliência do setor.
- Investimentos em tecnologia: O investimento em tecnologias que otimizam o transporte, como rastreamento de veículos e gestão de frotas, pode ajudar a reduzir custos e aumentar a eficiência.
Portanto, essa abordagem auxilia na mitigação do impacto causado pelo aumento de outros insumos e serviços relacionados à operação, como pneus, peças de reposição, custos de pedágio, entre outros.
Confira altas de preço do frete, por tipo de operação
- Transporte rodoviário de carga de lotação: 3,91%
- Veículo automotor de cargas: 4,46%
- Transporte rodoviário de carga lotação de alto desempenho: 4,81%
- Veículo de cargas de alto desempenho: 5,44%