Na Copa, bairro de russos em SP fica verde e amarelo

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Eliane Gonçalves

Vila Zelina, zona leste da capital paulista. A igreja na praça central do bairro é católica, mas ortodoxa. Na padaria, o pão mais famoso é o preto, especialidade no leste europeu. A loja de souvenir vende autênticas matrioskas vindas da Ucrânia.

E na pizzaria, os letreiros estão em russo. Rafael Klestoff, neto de imigrantes russos, traduz pra gente.

“Rusky delaiu pizu que signfica russos que fazem pizza. Tem iu aliiublu pizu. Que é eu amo pizza. O ialiublu é bem conhecido porque é o eu te amo.”

Uma língua tão difícil que até ele precisa pedir ajuda. “A gente tem ali em cima, que é um pouco mais difícil, que é o quadratiu, pai ajuda aí, isso, que o quadratiu pizu que é pizza quadrada e golat, tem que falar com quem sabe falar direitinho né? Que ele corrige.”

A Vila Zelina, foi fundada em 1927, por imigrantes do leste europeu e é o mais russo dos bairros paulistanos.

São cerca de 10 mil pessoas que nasceram na Rússia ou são descendentes de quem nasceu no país que este ano é a sede da copa do mundo de futebol.

Pessoas como o pai de Rafael, Sergio Klestoff, o pizzaiolo responsável pelas pizzas quadradas. Ele nasceu no bairro, em 1959, apenas um ano depois que os pais chegaram da Rússia.

“A ligação russa que eu tenho são meus pais. Por que? Porque na época que eu iniciei minha escola, o ano escolar, eu não sabia falar português. Eu sabia só falar banheiro, obrigado, boa tarde, boa noite e bom dia. Dentro da minha casa, a gente sempre falava russo.”

E é assim que na Vila Zelina, em tempos de Copa do Mundo, o verde e amarelo dividem espaço com o vermelho, azul e branco. As cores da bandeira russa.

E a tradição bem brasileira de pintar o asfalto da rua com fotos da seleção brasileira ganha outros formatos. Na esquina da rua Manaiás com a Marechal Malet, por exemplo, a caricatura do Gabriel de Jesus fica ao lado do desenho do palácio de São Petersburgo, o mais famoso ponto turístico da Rússia.

Mas a gente sabe mesmo para que lado pende o coração dos moradores da Vila Zelina quando eles precisam dizer para que time vão torcer. E aí, Dimitris, Sergueis, Klestoffs não hesitam.

“Se você me falasse isso quando eu era criança, logicamente eu iria torcer para a Rússia. Mas, agora, que minha terra natal é Brasil, logicamente que meu coração está assim, partido, não partido, mas está mais para o Brasil do que para a Rússia.”

“Vou torcer para o Brasil, né? Meu segundo time vai ser a Rússia.”

“Vou torcer para o Brasil. Não tem como.”

A seleção russa estreia no jogo de abertura da Copa, na próxima quinta-feira, dia 14, ao meio-dia, contra a Arabia Saudita.

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