Cinema e meio ambiente. Um casamento bem-sucedido, celebrado a cada ano pelo Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA), na Cidade de Goiás. Entre 5 e 10 de junho próximos, o festival goiano chega à sua 20ª edição, consolidado como um dos mais tradicionais e concorridos mundialmente com a temática ambiental, equiparado apenas ao CineEco, o Festival da Serra da Estrela, em Portugal.
Nesta edição, o FICA recebeu 355 inscrições, 199 filmes estrangeiros e 156 brasileiros. Para a mostra competitiva foram selecionadas as 22 melhores produções de nove países: sete longas-metragens, um média-metragem e 14 curtas-metragens, do Brasil (10 filmes), Portugal (3 filmes), Espanha e Itália (2 filmes, cada), Argentina, Irã, México, França/Suíça e Uruguai (1 filme, cada). As produções nacionais são de Pernambuco, do Rio de Janeiro, Paraná e Goiás. Ao todo, serão oferecidos R$ 280 mil em prêmios.
A diversidade de temas e gêneros marca as obras que estão concorrendo. Para o presidente do júri de seleção, Rodrigo Cássio, pesquisador nas áreas de cinema e artes visuais, não poderia ser diferente. Segundo Rodrigo, o conceito de filme ambiental é abrangente, envolvendo não só a abordagem ecológica diretamente, mas também reflexões sobre questões políticas, o que amplia o leque temático.
Integram o júri de premiação do 20º FICA nomes de destaque no cinema nacional e estrangeiro: a diretora da Aspen Film, Susan Wrubel; o diretor do CineEco, Mário Branquinho; os cineastas Laís Bodansky, Susana Lira, Fábio Meira, João Batista de Andrade; e ainda o líder indígena Ailton Krenak.
Cinema e ecologia em debate
O FICA é promovido pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Educação e Cultura. Além da mostra competitiva, o festival tem uma ampla programação, incluindo o Fórum de Cinema e o Fórum Ambiental. O Fórum de Cinema, sob a consultoria do cineasta Walter Carvalho e da diretora de festivais Ilda Santiago, vai discutir a relação entre os cinemas analógico e digital no Brasil e o papel das mulheres no cinema. Estarão nas mesas os diretores José Luiz Villamarin e George Moura, as cineastas Laís Bodansky e Susana Lira e a atriz Bruna Linzmeyer.
O Fórum Ambiental, com a consultoria do jornalista e escritor André Trigueiro (este ano também curador de conteúdo do FICA), colocará em debate questões sobre arte, energia, cidades e espiritualidade, ligadas à ecologia. Como debatedores foram convidados os arquitetos Washington Farjado e Natália Garcia; os atores Marcos Palmeira e Christiane Torloni; o presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, Rodrigo Sauaia; a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica, Elbia Gannoum; o padre Josafá Siqueira e o lama Padma Santem.
Cidade cenário
Emoldurada pela Serra Dourada, importante repositório da biodiversidade de cerrado brasileiro, a Cidade de Goiás, com sua arquitetura vernacular, compõe um belo cenário para o FICA. Há 15 anos, foi tombada pela UNESCO como Patrimônio Histórico e Cultural Mundial e não apenas por conservar seu centro histórico intacto, mas também por ter preservado a natureza em seu entorno.
Andar pelas ruas de Goiás conduz o visitante a uma viagem ao século 18. Suas ruas de pedra, o casario colonial, igrejas, pouco mudaram desde que o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera filho, chegou em busca do ouro nas cabeceiras do Rio Vermelho e fundou ali o Arraial de Sant’Ana. Do mesmo modo, na Serra Dourada permanece intacto o ambiente natural. Uma das formações geológicas mais antigas do planeta, ela guarda espécies grande diversidade de fauna e flora, com espécies vegetais únicas, como o pau-papel.
Goiás preserva ainda suas tradições religiosas e culturais, com uma culinária única que incorpora produtos típicos do cerrado às receitas vindas de Portugal nos tempos do Brasil Colônia. A cidade é o berço da poetisa Cora Coralina que, um dos grandes nomes da literatura brasileira e considerada por Carlos Drummond de Andrade como “a pessoa mais importante de Goiás”.
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