Os últimos resultados do Brasil no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) divulgados em dezembro de 2016, mostraram uma queda de pontuação nas três áreas avaliadas: ciências, leitura e matemática. O país ficou na 63ª posição em ciências, na 59ª em leitura e na 66ª colocação em matemática. A prova é coordenada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e foi aplicada no ano de 2015 em 70 países e economias, entre 35 membros da OCDE e 35 parceiros, incluindo o Brasil. O exame, realizado a cada três anos, traça um perfil de conhecimento básico e habilidade dos estudantes de cada país.
Diante destes números e de outras pesquisas do setor, não é de se surpreender com a má posição da educação brasileira e sua qualidade. O baixo índice de leitura, inclusive, é responsável pela deficiência no processo de escrita, como em redações dissertativas, um dos gêneros mais cobrados nas provas e exames para ingresso em instituições de ensino superior. Pensando nisso, a professora e escritora londrinense Aparecida Vaz Primo produziu o livro “Ensino da Redação”, por meio de frases contextualizadas com verbos semelhantes e opostos. “O brasileiro, de forma geral, não sabe escrever, lê pouco e não combina perfeitamente as atividades de ler e escrever. Não admite, ainda, que a fluidez na escrita vem somente com a prática e será enriquecida na medida em que a leitura também é realizada”.
Após 27 anos de experiência como professora e supervisora de Ensino, decidiu escrever para alguns tipos diferentes de leitores, levando em consideração que, para escrever bem, é preciso escolher dentro de uma série de palavras com sentido geral comum, uma que expresse exatamente o que se deseja externar. “O conteúdo é voltado para aquele que, apesar de ser adolescente ou adulto, ainda tem raciocínio desorganizado e insegurança na maneira de raciocinar; aquele que faz abordagem incompleta, errada ou apressada dos temas; aquele que não tem certeza de uma direção a seguir; aquele que tem falta de uma visão global em seus julgamentos; aquele que foi mal alfabetizado, tem vocabulário exíguo, e por isso, faltam-lhe palavras para se expressar”, enumera.
Portanto, segundo ela, o livro tem o objetivo de ser um “instrumento desembaraçador” capaz de provocar um processo psicológico criativo, que, espontaneamente, irá alterar a linguagem do aluno, tornando-a mais expressiva. “O ensino do processo de redação é realizado em 12 etapas, acompanhadas por um dicionário organizado com frases contextualizadas (com palavras e verbos semelhantes e opostos; todos com os seus significados). Em sua segunda parte, o livro apresenta 200 contextos com cem assuntos diferentes e sinônimos de 1534 verbos semelhantes e opostos”.
Diferentemente de outros títulos que ensinam a redação tecnicamente, a professora acredita que, neste título, os segredos fundamentais de interpretação de texto e da capacidade de redação estão em ensinar a redigir com exatidão os períodos, como também a saber interpretá-los. “Aprendendo a redigir períodos, o leitor aprende a interpretar os períodos em sua relação interna e poderá extrair deles ideias”, diz, completando que, assim, o aluno aprende sem perceber, simultaneamente, boa parte da pontuação, concordância, regência, uso de verbo em todos os tempos e modos.
Leitura X escrita
Neste sentido, ela defende que a escrita seja um processo mais ativo que a leitura; um processo manual pelo qual se traduz aquilo que se passa na mente do aluno. “O aluno tem de estruturar seu pensamento de forma a transmiti-lo com coerência e clareza. A escrita exige atenção, memória, tempo para desempenhar a tarefa. A leitura, por sua vez, promove o desenvolvimento pessoal, intelectual e profissional do educando, apura o senso crítico e proporciona o entretenimento, enriquece o vocabulário e aprimora a escrita de redação”, salienta a professora.
Com relação aos que estão iniciando no universo da leitura, no caso, as crianças, Primo sugere o uso do livro infantil, que estimula o exercício da mente, a expressão verbal e a percepção do real em suas múltiplas significações. “O livro infantil cria momentos de beleza por meio das palavras e provoca na criança a criatividade, emoção, o prazer, a imaginação, o interesse, a identificação e a sensibilidade. Isso vai ajudar o aluno a confrontar ideias, reelaborar seu pensamento crítico, e a identificar-se”.
Sentido na aprendizagem
Segundo ela, apesar das indicações, aprender não é reter conhecimento, mas reagir a situações totais. “É um processo ativo, inteligente e global”. Por isso, tudo o que os alunos veem ou ouvem na escola deve ser relacionado com sua experiência e com o sentido que encontraram em seus contatos diários. “Se assim não acontecer, adotam uma visão cínica e ressentida da escola e da sociedade que os obrigam a acompanhar um conteúdo oposto ao de sua realidade social. Escola que os obriga a adquirir um conhecimento que eles não escolhem, nem valorizam, é um ensino que não os liberta de sua cultura de classe. Pelo contrário, confina-os mais firmemente nela”, argumenta.
Escritora: Aparecida Vaz Primo / Livro: Ensino da Redação / Editora: Saraiva
Distribuição: ANNE / Agência Nacional de notícias Empresariais
FONTE: Inep / Folha de Londrina / Marian Trigueiros
Aparecida Vaz Primo, formou-se em Pedagogia, Administração Escolar, Supervisão de Ensino, e Orientação Educacional pela Universidade Estadual de Londrina.
Tem Especialização em Nível de Pós-Graduação em História da Educação e Filosofia da Educação. É Mestre em Educação pela Universidade Sagrado Coração de Jesus, em Bauru, SP. Foi Professora no Ensino Superior por 16 anos, lecionando História da Educação e Didática. Foi Supervisora de Ensino e Professora por 27 anos.