A economia do país ensaia uma recuperação, mas algumas consequências da recente desaceleração econômica vão precisar de mais tempo para serem minimizadas. É o caso do índice de endividamento das famílias brasileiras.
Segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), desenvolvida pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a quantidade de famílias endividadas chegou a mais de 58% em setembro deste ano. O valor registrado teve aumento de 0,4% em relação ao mês anterior.
O levantamento também verificou que a proporção de famílias com contas em atraso aumentou em setembro de 2017, passando de 24,6% para 25% das famílias. Este é o maior nível já alcançado pelo índice desde maio de 2010.
Outra alta registrada diz da proporção de famílias brasileiras que assumiram ter dívidas a pagar e que não têm condições de arcar com os custos. Neste sentido, foram 10,3% das famílias pesquisadas, referindo-se ao maior patamar já alcançado desde o início da série histórica.
Entre as razões que explicam este aumento, a taxa de desemprego ainda alta se destaca. Apesar de o nível de endividamento ser considerado moderado, ficando abaixo da média, os altos níveis de inadimplência ocorrem devido à queda de renda das famílias brasileiras.
A perda do emprego, somada à falta de planejamento e controle financeiro, faz com que muitas famílias tenham que lidar com um cenário de acúmulo de contas em atraso e poucos recursos. Com isso, as chances de contrair dívidas é maior e a inadimplência se torna mais frequente.
Falta de controle com cartão de crédito preocupa
Outro estudo sobre inadimplência revelou informações preocupantes. De acordo com informações coletadas pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) em parceria com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), grande parte das pessoas com contas em atraso não tem noção de quanto realmente devem.
A pesquisa mostrou que quase metade dos participantes admitiu ter pouco ou nenhum controle financeiro pessoal. Em números, o estudo verificou que 47% dos entrevistados sabem muito pouco ou nada sobre seus rendimentos e 41% desconhecem o valor real de suas contas básicas.
Outras informações apuradas revelam que 59% das pessoas negativadas não sabem exatamente quais mercadorias foram adquiridas através do cartão de crédito e 55% desconheciam o valor total pago por elas. Com relação às parcelas em aberto, a falta de conhecimento também foi predominante já que 40% dos participantes não souberam dar respostas precisas.
Como consequência dessa falta de controle sobre as finanças, muitas pessoas acabam fechando o mês no vermelho. Segundo o levantamento, mais de um terço dos participantes (35%) assumiram que nunca ou raramente conseguem pagar todas as contas do mês.
A dificuldade em honrar todos os compromissos financeiros, afeta não somente o bolso mas também o psicológico dos inadimplentes. Segundo o SPC Brasil, quase metade dos brasileiros endividados (43%) sentem vergonha do próprio status financeiro e acabam se isolando, comportamento que pode acabar piorando a situação.
Considerando os dados alarmantes das pesquisas recentes, fica evidente a necessidade de incentivar a educação financeira desde a infância. Com jovens crescendo mais conscientes sobre a importância de um bom controle financeiro, será menos raro encontrar adultos vivendo com as finanças mais prósperas.
Além de trazer benefícios para o presente dos brasileiros, permitindo pagar todas as contas em dia, um controle financeiro bem feito também facilita o planejamento do futuro, favorecendo a construção de uma reserva financeira.
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