Arquitetura escolar influencia no aprendizado

Escolas repensam infraestrutura para inovarem e se adaptarem aos novos tempos

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Colégio Positivo Internacional ( (Divulgação) )
SB post

Normalmente deixada de lado no planejamento de educadores, a arquitetura de uma escola pode contribuir de maneira significativa para a melhora na produção de conhecimento e no desempenho dos estudantes. Segundo especialistas da área, espaços amplos, integrados, bem iluminados e mobiliários inovadores promovem sensação de bem-estar, o que influencia diretamente no aprendizado, além de favorecer algumas atividades. Na grande maioria das escolas brasileiras, a estrutura e disposição de móveis em salas de aula ainda reproduzem um modelo do tempo em que o conteúdo era passado de professor para aluno, com carteiras enfileiradas, alunos sentados um atrás do outro – e todos voltados para a frente. O arquiteto indiano e especialista em design escolar, Prakash Nair, afirma que a evolução nos métodos de ensino e a incorporação de novas tecnologias em sala de aula precisam vir acompanhadas de mudanças consideráveis no espaço físico escolar. Para ele, é essencial parar de reproduzir padrões defasados e considerar como a escola deveria ser para atender às demandas atuais.

Referência mundial quando o assunto é educação, com um dos melhores resultados globais no PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), a Finlândia continua a inovar e buscar novos caminhos para a melhoria das práticas escolares. A arquitetura escolar está no centro dessas mudanças. As instituições finlandesas de ensino passam por grandes reformas físicas. As salas tradicionais, delimitadas com paredes, vêm sendo substituídas por espaços multimodais, com divisórias transparentes ou móveis. O mobiliário inclui sofás, pufs e bolas de pilates, bem diferente das tradicionais carteiras. O objetivo da Agência Nacional de Educação da Finlândia é oferecer flexibilidade para que professores e alunos possam escolher qual local consideram mais adequado para o desenvolvimento de um determinado projeto ou atividade. As crianças e jovens possuem diferentes formas de aprender, portanto, os espaços precisam ser versáteis e modificáveis.

A diretora pedagógica da Editora Positivo, Acedriana Vicente Sandi, propõe que o projeto arquitetônico de uma escola dialogue com a proposta pedagógica da instituição. “O espaço físico escolar também deve ser alvo de reflexão para que se consiga criar o ambiente ideal, mais propício ao aprendizado”, defende a especialista. Tradicionalmente, as salas de aula foram projetadas para obedecer a uma hierarquia, onde o professor era o protagonista do processo. Acedriana destaca que, atualmente, essa dinâmica mudou. Para ela, é preciso entender como os estudantes atuais aprendem para organizar a escola a fim de interferir positivamente na aprendizagem. “Se ficarmos com a modelagem anterior, o aluno atual não se sente incluído, nem estimulado. Precisamos, portanto, pensar não apenas no conteúdo e nas práticas de ensino, mas também no design e arquitetura do ambiente escolar”, completa.

Curitiba tem escola internacional com novo modelo de arquitetura

Salas 360º, ambientes específicos para determinados projetos e atividades, alunos que mudam de sala a cada duas horas. O modelo arquitetônico do Colégio Positivo Internacional, em Curitiba (PR), foi planejado a fim de alinhar os espaços físicos aos propósitos pedagógicos da instituição. O projeto foi criado para que os ambientes sejam os mais apropriados para as atividades que os professores pretendem desenvolver. O diretor do colégio, Pedro Silva Oliveira, defende que a escola precisa ser dinâmica, viva, para estimular a convivência, a troca de experiências e o aprendizado. “As salas do Ensino Fundamental II são 360º, os estudantes não sentam mais um atrás do outro e, a cada duas horas, eles trocam de ambiente. Essa mobilidade permite que os conteúdos sejam abordados em estações de aprendizagem específicas. Os alunos não ficam presos num mesmo espaço o tempo todo”, descreve Pedro. O colégio possui ainda espaços conceituais como o Maker Space, voltado para o desenvolvimento de projetos próprios dos estudantes, e outros que priorizam o bem-estar e o lado lúdico, como o solarium e a horta nas salas da educação infantil e um musical hall, embaixo da escada. Os jovens do High School têm acesso a uma sala de convivência com mesas de estudo, espaço para descanso e até diversão, com fliperama e frutas à vontade. A área verde ao redor do prédio permite ainda aulas ao ar livre. “Tudo o que contribui para o bem-estar e a felicidade dos alunos traz bons resultados quando o assunto é o desempenho desses estudantes”, garante Pedro. A consciência da importância do ambiente de ensino e as inovações nesse sentido ajudam a mostrar os caminhos para novas propostas na área da educação.

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