
Neste mês já foram apresentados os filmes “Quando meus pais não estão em casa” e “O Conto da Princesa Kaguya”.
Confira a programação para o restante do mês:
21/03 Táxi Teerã (Dir. Jafar Panahi): Panahi usa duas câmeras dentro de seu carro, se passa por motorista e começa a conduzir passageiros pelas ruas de Teerã. O início sugere um documentário enquanto as pessoas dentro do carro discutem sobre o caminho ou sobre fatos cotidianos. Logo, a mecânica torna-se mais complexa, quando algumas cenas são exemplares demais para serem documentais: um homem e uma mulher começam a brigar, usando argumentos divertidos sobre a validade da pena de morte. Outro passageiro, um vendedor de produtos piratas, reconhece Panahi e começa a falar sobre cinema alternativo. Mas o vendedor questiona: os passageiros que estavam aqui antes eram atores, não é? O filme começa a se assumir como falso documentário, apresentando uma decupagem cada vez mais rebuscada e uma sequência de personagens surreais, que jamais poderiam ter passado em sequência pelo mesmo veículo.
O ritmo torna-se um pouco menos interessante na segunda metade, quando o cineasta para de conduzir anônimos para levar amigos e uma sobrinha. Como estes personagens conhecem o personagem-Panahi, este se torna o momento usado para falar de assuntos pessoais, em frases contundentes, mas um tanto artificiais.
Mesmo assim, a obra é curta, de ritmo ágil, transparecendo um refinamento na montagem que não remete a uma obra caseira feita por um diretor preso, filmando às escondidas. Taxi é um filme belo e inteligente, coroado por uma poderosa cena final, que diz muito sobre o direito de se expressar.
28/03 A Garota de Fogo (Dir. Carlos Vermut): Elenco competente e coeso, somado a uma fotografia que explora bastante a escuridão em torno dos personagens e enquadramentos milimetricamente calculados. O longa é um belo filme de mistério que explora com sabedoria o cinismo e a crueldade existente no ser humano, decorrente de suas angústias e desejos. Com personagens repletos de conflitos morais e problemas sociais, o diretor constrói uma trama envolvente que, a cada virada, surpreende e impressiona. Condução habilidosa da narrativa e uso do silêncio como elemento dramatúrgico, impressiona pela forma como estrutura e desenvolve o mistério em torno de Bárbara, uma mulher repleta de perguntas que, em muitos casos, o filme não está interessado em responder.