Mala do Conhecimento (Praia Grande) leva alunos a viajarem por diferentes regiões do País

A docente Rosângela Guimarães trabalha leitura e escrita de forma lúdica

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De repente, a porta da sala de aula do 4º ano do Ensino Fundamental, da professora Rosângela Teles Encinosso Guimarães, abre. Uma mala de viagem chega às mãos da docente. Nos rostos dos alunos, os olhos cintilantes revelam o interesse e a curiosidade pelo que existe dentro da bolsa. Ao ser aberto, o objeto revela detalhes sobre a história e a cultura da cidade catarinense chamada Pomedore. Situado perto de Blumenau, o local se destaca pela festa da Páscoa nomeada Osterfest onde as árvores são enfeitadas com ovos de galinha pintados.

Uma carta foi o primeiro objeto retirado da mala enviada pelo viajante misterioso. A professora Rosângela Guimarães fez a leitura do texto carregado de detalhes e informações sobre Pomedore. Algumas imagens, como do portal da cidade, o mapa catarinense e fotos das árvores de Páscoa (osterbaum) enfeitadas com os ovos de galinhas pintados e presos aos galhos ilustravam os dados existentes na correspondência. Cada trecho lido aguçava ainda mais a imaginação dos alunos.

Ao final da leitura, a docente convidou as crianças a se aproximarem da mala misteriosa. Um a um, os estudantes matavam a curiosidade ao retirar os pertences existentes dentro da valisa. Barras de chocolate, forminhas e objetos para enfeitarem a porta da sala, todos alusivos à cidade de Pomedore foram enviados pelo viajante para que os jovens tenham a oportunidade de participar de atividades referentes à Páscoa. Por fim, o remetente da carta ainda faz uma sugestão literária de um livro para os alunos lerem sobre o tema.

Iniciativa – Nomeado “Leitura: Uma Mala Repleta de Conhecimento” foi uma ideia da professora Rosangela Guimarães que surgiu ano passado para trabalhar com uma sala do 3º ano da EM Ary Cabral (Bairro Quietude). A docente percebeu que os alunos apresentavam pequenas dificuldades relacionadas à escrita e leitura. Com isso, surgiu a ideia de trabalhar a troca de cartas entre estudantes de duas turmas da unidade.

“Mas logo percebi que eles queriam mais, pois apenas as trocas de cartas não despertaram o interesse necessário”, lembrou a professora. “Foi quando inventei o projeto. Determinado dia cheguei à sala, já com a mala, dizendo que um amigo que era viajante tinha enviado uma correspondência junto com uma bolsa. Pela proximidade, o primeiro lugar que trabalhei com eles foi o estado de São Paulo”.

Assim como ocorreu com a cidade de Pomedore, a primeira vez que a mala do conhecimento adentrou à sala trouxe com ela detalhes como informações sobre as comidas típicas, pontos turísticos e dados relacionados à história do estado de São Paulo. Rosangela só não esperava o sucesso do projeto com a garotada. “Depois, começaram questionar quando o viajante misterioso (nome dado pelos próprios alunos) retornaria”.

Foi então que a professora começou trabalhar com os alunos as culturas e tradições das diferentes regiões do País. Do Oiapoque ao Chui, Rosangela Guimarães promoveu uma verdadeira viagem com os alunos. A cada nova mala que chegava, o viajante misterioso dava uma dica de leitura infanto-juvenil aos estudantes. Além disso, com auxílio da docente, os jovens eram encorajados a fazerem pesquisas sobre as cidades e estados trabalhados. Por fim, as crianças ainda enviavam uma carta ao amigo desconhecido onde relatavam o que aprenderam.

De acordo com Rosangela Guimarães, a lousa digital disponibilizada na sala de aula foi uma ferramenta fundamental para desenvolver o projeto. “Isso porque a cada região trabalhada, além de passar atividades para casa sobre a mala misteriosa, fazíamos pesquisas sobre os locais, os costumes e tirávamos dúvidas ao buscarmos informações ou assistirmos um vídeo. E tudo com auxílio da lousa”, enfatizou.

Expectativa correspondida – Os resultados na melhora da escrita e leitura não demoraram em começar a aparecer. “Nas primeiras cartas ao viajante misterioso, os erros ortográficos eram comuns. Com o andamento do projeto, logo percebi a preocupação deles em desenvolver um texto coerente e com o máximo de acertos possíveis. Além disso, ficou evidente a mudança na autoestima deles, pois ficavam lisonjeados em poder mandar uma carta feita pelas próprias mãos ao viajante misterioso”, afirmou Rosangela.

Essa mudança no comportamento dos alunos também foi sentida pela assistente técnico pedagógico (ATP) da EM Ary Cabral, Luana Matias Maurício. “Foi uma professora que escolhemos a dedo para assumir a turma. O projeto Mala do Conhecimento acabou envolvendo toda a unidade escolar, pois a elevação da autoestima dos alunos ficou bastante evidente. Além disso, agora o projeto está entre as ações de docentes que representam a nossa escola em mais uma edição do Prêmio Professor”, enumerou.

Concurso cultural – O projeto “Leitura: Uma Mala Repleta de Conhecimento” está entre os 20 trabalhos inscritos na 4ª edição do Troféu Prêmio Professor e que foram selecionados para serem apresentados durante a 8ª Jornada Pedagógica que ocorre de 26 a 28 de março. Na ocasião, os docentes compartilharão suas práticas pedagógicas de sucesso em oficinas assistidas por colegas de profissão. Os três melhores votados conquistam a premiação do concurso cultural.

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