Telemedicina, uma inovação que leva tratamento de qualidade a locais remotos do País

Sistema apresenta vantagens significativas, como economia, otimização de recursos, agilidade e democratização da saúde, reduzindo tempo de internação e índices de mortalidade

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UTIs interligadas a centrais levam tratamentos de saúde de qualidade a pacientes em todo o País

O médico confere o estado dos pacientes da UTI e chama a atenção de outros profissionais em uma pequena cidade ao norte de Minas Gerais. Depois, ele analisa as taxas de gordura de uma senhora em outro município, ainda menor, no Maranhão, mas é interrompido por um alerta para a frequência cardíaca de um jovem internado na Bahia. Essa rotina, que parece um filme de ficção científica, faz parte de uma realidade já bem próxima. Trata-se da Telemedicina, que alia profissionais a inovadores recursos tecnológicos, levando segurança e conforto a quem precisa de atendimento médico e, o mais importante, facilitando o acesso à saúde de qualidade. Câmeras e microfones nos leitos, e até um robô controlado a distância, são alguns dos recursos.

A Medicina é uma das áreas com escassez de profissionais qualificados. Brasília ilustra isso. Em média, apenas dois neurocirurgiões se formam por ano no DF. Um número pequeno, mesmo para atender exclusivamente os habitantes da capital federal. Mas, graças à Telemedicina, o contingente desses especialistas pode ser otimizado, uma vez que a “presença” virtual deles permite atuação em várias praças simultaneamente. Assim, inteligência artificial, big data e outros recursos vêm renovando as esperanças de pacientes que não tinham acesso a uma boa assistência à saúde, com a presença física de especialistas. O monitoramento das equipes multidisciplinares, alocadas nas centrais remotas, garante suporte 24 horas. Esses profissionais alertam as equipes in-loco quanto a possíveis eventos adversos. Os alertas facilitam tomadas de decisão do contingente beira-leito.

Por exemplo, um pneumologista em uma central pode atender vários pontos do Brasil, inclusive solicitando exames que seriam realizados automaticamente e enviados para o celular do especialista. Ele poderia determinar à equipe que acompanha o paciente de perto os procedimentos a serem adotados. Essa agilidade e cooperação, além do acesso a profissionais de várias áreas da Medicina, resultam em uma estimativa de redução do tempo de permanência nas UTIs em até 30%. As taxas de mortalidade devem ter queda de 20%. “Em vez de esperar um médico ou ter de ser removido, graças à Telemedicina em minutos o paciente é avaliado como se estivesse na presença do profissional. Em saúde, tempo é vida”, explica a Dra. Mirna Matsui, uma das médicas responsáveis pelos projetos de Telemedicina do grupo Americas Health. A comunicação entre os profissionais é realizada por videoconferência.

Já é possível avaliar esse impacto positivo causado na saúde por novas tecnologias. Os moradores da cidade de Primavera do Leste (MT), por exemplo, contam com uma UTI de última geração, onde pacientes têm acesso a profissionais de todas as especialidades da Medicina, que atendem em uma central em Brasília, em funcionamento desde 2015, do grupo Americas Health, que atende pacientes espalhados pelo País. Esses especialistas avaliam os exames dos pacientes e os sinais vitais deles em tempo real, tiram dúvidas e orientam os médicos plantonistas. Para quem pensa que isso custa o olho da cara ao paciente, vale ressaltar que o hospital de Primavera do Leste conectado ao sistema atende pelo SUS. “O sistema pode ser instalado em todo o País, em hospitais públicos e privados, ou mesmo na casa das pessoas, desde que haja condições físicas para abrigar um home care e internet”, esclarece a Dra. Mirna Matsui.

Além de levar saúde de qualidade a cidades do interior do Brasil, que nem sempre conseguem atrair médicos, a Telemedicina também beneficia grandes centros, pois reduz o estrangulamento no sistema convencional causado pela grande demanda, ocasionada pela migração de pacientes atrás de tratamento.

Por exemplo, como Primavera do Leste fica a pouco mais de três horas de Cuiabá, a opção para os pacientes da cidade que necessitassem de UTI seria o deslocamento para a capital mato-grossense. Mas transferências de pacientes têm riscos e só podem ser realizadas com a presença de um médico na ambulância. Por isso, prefeituras devem ficar de olho na Telemedicina, uma vez que a modalidade traz, além de vantagens técnicas, redução nos custos com ótimos resultados. A migração atrás da boa saúde ocorre com grandes metrópoles, como Brasília. No Hospital de Base, por exemplo, moradores de outras cidades chegam diariamente em busca de atendimento e internação, sufocando a rede pública do Distrito Federal. Relatório do Governo de Brasília, divulgado em fevereiro, aponta que, em dois anos e meio, mais de 1,2 mil pacientes foram a óbito, à espera de vaga em uma UTI pública.

Mas o inchaço na demanda não é o único problema. Em agosto de 2017, o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) divulgou inspeção feita pelo órgão que constatou diminuição da quantidade de leitos de UTI do SUS ou credenciados em operação. Segundo o TCDF, de 2014 a 2017, o número caiu de 432 para 310, o que significa uma redução de quase 30% na capacidade de atendimento.
Profissionais de saúde também têm o que comemorar com a Telemedicina. Estudos apontam que a área é uma das profissões do futuro. Contribuem para isso fatores como crescimento da demanda, inchaço das cidades e evolução tecnológica.

A enfermeira Iharlen Oliveira, moradora de Brasília, presta assistência a pacientes de cidades como Dourados (MS), Primavera do Leste (MT), Palmas (TO), Goiânia (GO) e Ceilândia no próprio DF, a 25 quilômetros da central. “O laço com os pacientes é tão sólido quanto se fosse presencial, pois sei da importância de estar atenta a tudo”, diz.

Saiba mais
O conceito de big data está relacionado à consulta, análise e referência entre um imenso volume de dados, que podem ser aplicadas em várias finalidades. Na Telemedicina, os sistemas comparam informações de pessoas hospitalizadas com dados de pacientes ao redor do mundo. “Podem-se antecipar situações, e o médico tem condições de se adiantar, tomando as medidas necessárias. Isso ajuda a fazer a gestão do tempo de permanência no hospital de cada paciente”, explica Filipe Carmo, Diretor de Tecnologia e Projetos do grupo Americas Health. Já a inteligência artificial diz respeito a equipamentos que “aprendem”, ou seja, que passam a interpretar informações e realizar determinadas tarefas.

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