A empresa social Planisfério, coordenada pela publicitária Luciana Capobianco, inseriu por meio do seu Projeto ESTOU REFUGIADO 300 refugiados no mercado formal de trabalho em São Paulo, nos últimos 2 anos. “Um número gratificante, pois não queremos fazer doações, queremos que o refugiado tenha garantido seu direito básico ao trabalho e ao emprego para poder sustentar sua família com dignidade”, declara.
Descendente de judeus romenos, que fugiram da Romênia por causa da perseguição aos judeus, Luciana e uma amiga resolveram abraçar uma causa humanitária para doar tempo e expertise e escolheram a causa dos refugiados. “Isso aconteceu há 2 anos, quando a situação de deslocamento de pessoas no mundo, vítimas de barbáries e guerra, estava se tornando caótica e sem volta”, relembra Capobianco.
De acordo com o Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE), o número total de solicitações de refúgio aumentou mais de 2.868% entre 2010 e 2015 quando saltou de 986 solicitações para 28.670.
O cenário comoveu Luciana e a qualificação profissional dessas pessoas atraiu a atenção dela. São economistas, contadores, empresários, com dificuldades para se estabilizar no país. “Eu percebi que tinha muito preconceito, muita xenofobia. Na época, ouvia muitos questionamentos do tipo ” será que ele é do bem? ” só por causa da religião ou porque uma mulher usava o véu islâmico. Tinha muito racismo também. Então surgiu uma vontade de ajudar essas pessoas”.
Estou Refugiado ajuda o refugiado a elaborar seu currículo com foto e contar sua história. Os currículos também podem ser enviados para o e-mail contato@estourefugiado.com.br.Outro incentivo que o projeto costuma dar aos refugiados é incentivo para empreender.
Ela não tem ajuda financeira de nenhuma instituição humanitária e custeia o projeto com recursos da empresa social. Para colocar os refugiados em empregos, Luciana tem contado com a participação de importantes empresas como a GM, o Grupo Accor (Ibis), a Pepsico, a Gradual Investimentos entre outras. “O empresário tem uma função importantíssima, pois estar empregado é vital para que o refugiado possa se reintegrar à sociedade, sair dos abrigos e resgatar sua dignidade”, relata.
O “Estou Refugiado” mantém parcerias com a ACNUR-Agência da ONU para Refugiados e com a Human Rights Watch.
Mas ela aponta a falta de recursos, a falta de ofertas de trabalho, principalmente ofertas qualificadas, a questão da língua e de validação dos diplomas como grandes desafios ao projeto.
Nova Lei amplia direitos dos migrantes
A nova Lei de Migração, válida a partir de agora, irá garantir ao migrante os mesmos direitos à vida, à liberdade, à propriedade e à igualdade que são concedidos aos brasileiros. Também institui o visto temporário para acolhida humanitária e permite que imigrantes ocupem cargo e emprego público.
Segundo relatório da ONU (ACNUR) apenas no primeiro semestre de 2016, 3,2 milhões de pessoas deixaram seu local de residência e 1,5 milhão solicitaram asilo a algum país.
No Brasil, 9.550 pessoas de 82 nacionalidades foram reconhecidas como refugiadas. Destes 3.300 venezuelanos pediram abrigo no país. Os dados são da Secretaria Nacional da Justiça de 2017.