No sábado (05.05), a Nasa deverá lançar a sonda interplanetária InSight (acrônimo, em Inglês, para Exploração Interior usando Investigação Sísmica, Geodesia e Transporte de Calor) numa viagem ao planeta Marte. Os objetivos da missão incluem, dentre outros, pesquisas sobre os processos que levaram à formação dos planetas rochosos do Sistema Solar Interno há mais de quatro bilhões de anos. Junto com a InSight, seguirão dois cubesats, chamados de “Mars Cube One” ou MarCO, desenvolvidos para testar um método de comunicação que poderá funcionar como uma caixa preta para futuras missões ao planeta vermelho.
Diferentemente do proposto em missões anteriores, em que se buscava estudar e analisar a superfície de Marte, a Insight tem o objetivo de examinar a estrutura interior desse planeta. A ideia é levantar mais detalhes sobre a formação e, principalmente, a evolução deste planeta rochoso. Isso poderá viabilizar maior compreensão da evolução terrestre, já que os planetas rochosos (Mercúrio, Vênus, Terra e Marte) compartilham uma ascendência de formação comum.
A InSight carrega três instrumentos científicos – um sismógrafo ultra-sensível, um fluxímetro térmico para medidas de temperatura no subsolo de Marte e um medidor dos reflexos desse planeta. A sonda leva ainda outras cartas úteis: uma estação meteorológica feita em colaboração com a Espanha; espelhos retrorrefletores que funcionarão por muito tempo depois do fim da missão e feitos em colaboração com a ASI (Agência Espacial Italiana); um braço robótico para instalação dos instrumentos principais; câmeras estereoscópicas e câmeras de contexto.
Cubesats em Marte
Dois cubesats terão participação especial nesta missão e serão os primeiros nanossatélites a operarem muito longe da vizinhança da Terra. Chamados MarCO A e B, esses artefatos possuem configurações padrão 6U idênticas (dimensões de 30 cm X 20 cm X 10 cm) e devem auxiliar no processo de comunicação em tempo real durante a fase crítica de entrada, descida e aterrissagem em Marte, além de enviar dados sobre sua operação em ambiente de espaço profundo.
Os dois cubesats são “demonstradores tecnológicos” da viabilidade de uso de nanossatélites na retransmissão de dados em missões desse tipo. Questões sobre a durabilidade e a capacidade de navegação de cubesats no espaço profundo são parte das respostas buscadas com a missão InSight. Como se trata de tecnologia em teste, o desempenho da missão não dependerá dos dois nanossatélites.
Sabe-se que o desafio da InSight é grande, considerando que apenas 40% das missões para Marte historicamente tiveram sucesso. Entretanto, os ganhos em conhecimento científico compensam o esforço. Pela primeira vez será possível detectar sismos em Marte, cuja intensidade acredita-se não ultrapassar 6 graus da escala Richter. Isso abre perspectivas importantes para se mapear o interior do planeta e equivale a tirar um “Raio-X” de seu interior.
Depois de viajar por quase 500 milhões de quilômetros, a Insight chegará em Marte em novembro de 2018. A missão é descrita por seus responsáveis como o primeiro “check-up” do planeta vermelho em muitos bilhões de anos.
Colaboração: Ademir Xavier, tecnologista da AEB.
Coordenação de Comunicação Social (CCS)