Primeira maratona de programação do Vaticano terá torneio com cerca de cem estudantes de 20 instituições de ensino superior do mundo.
A equipe organizadora do USP na Vatican Hack anunciou os nomes dos cinco alunos que vão representar a Universidade na primeira maratona de programação do Vaticano, que será realizada nos dias 9, 10 e 11 de março, na Itália.
A Escola Politécnica (Poli) da USP organizou e sediou a competição brasileira, realizada nos dias 16 e 17 de dezembro, no campus da Cidade Universitária, em São Paulo. Os estudantes tiveram como desafio desenvolver uma solução relacionada aos refugiados.
O grupo vencedor foi formado pelos alunos Lais Harumi Fukujima Aguiar (Poli), Rafael Rodrigues Mendes Ribeiro (Escola de Engenharia de São Carlos -EESC), Douglas Luan de Souza (Poli), Fernando Vezzani Ferreira de Santana (FEA), Haline Aparecida de Oliveira Floriano (Escola de Comunicações e Artes – ECA) e Victor Alves de Souza (FAU).
No Brasil, a equipe propôs como solução a plataforma Ref-a-Ref, uma central de e-mails que seria o primeiro emprego do refugiado. Uma empresa que tenha ou deseje ter um serviço de atendimento ao consumidor (SAC) por e-mail contrataria a Ref-a-Ref para utilizar sua plataforma. Caberá ao refugiado, cadastrado na plataforma, responder mensagens relacionadas a dúvidas ou sugestões encaminhadas ao SAC da empresa.
O refugiado seria pago pela empresa para receber os e-mails dos consumidores, ler e responder as mensagens utilizando um serviço de tradutor automático como apoio. Isso resolve três problemas do refugiado: encontrar um emprego inicial no país, aprender o idioma e ter uma fonte de renda inicial.
Além de executar o trabalho, na assinatura do e-mail haveria o nome do refugiado, com um breve histórico e currículo dele, funcionando também como um canal no qual a pessoa que recebeu a resposta poderia contatá-lo, via Ref-a-Ref, para uma oferta de emprego ou fazer uma doação a esse refugiado para dar apoio financeiro.
A empresa utilizadora da plataforma ganharia em relação ao custo das operações do SAC, que não seria superior ao que ela pagaria no mercado, mas, principalmente, estaria cumprindo com sua responsabilidade social, gerando um impacto positivo para sua imagem perante a sociedade.
Para chegar às soluções para o desafio na maratona da USP, como a plataforma Ref-a-Ref, todos os grupos assistiram a uma palestra sobre o tema do desafio – os refugiados e o contexto atual brasileiro na esfera política e social. Também viram apresentações sobre assuntos relacionados a desenvolvimento de projetos de inovação como design thinking, técnicas para desenvolver, testar, escalar e vender suas ideias, e oficinas de prototipação.
No Vaticano
A competição que será realizada no Vaticano foi estruturada de acordo com o que o Papa Francisco pensa a respeito do uso das tecnologias como ferramentas transformadoras da sociedade e é voltada para a busca por soluções de problemas sociais atuais.
Os alunos da USP participarão do torneio com cerca de cem estudantes de 20 instituições de ensino superior ao redor do mundo. O tema será selecionado entre três assuntos principais: combate ao desperdício, diálogo inter-religioso e migração e refugiados.
Portanto, o desafio a ser escolhido na disputa no Vaticano não será, necessariamente, o mesmo selecionado pela maratona realizada na USP.
“Escolhemos trabalhar a questão dos refugiados na competição da USP porque é um tema próximo da nossa realidade. Trouxemos inclusive uma refugiada para relatar aos alunos, durante a maratona, as dificuldades que essas pessoas enfrentam”, lembra Lucia Filgueiras, professora do Departamento de Computação e Sistemas Digitais (PCS) da Poli, responsável por organizar o hackathon na USP.
Agora que o grupo foi escolhido, haverá nova preparação para a competição no Vaticano. “Como próximo passo, vamos oferecer aos estudantes um treinamento para melhor qualificá-los para a maratona no Vaticano”, conta Filgueiras, que percebeu um grande entrosamento na equipe selecionada durante os dois dias do hackathon na USP.
O Vatican Hack é promovido por um grupo formado pela Optic Society, com o suporte da Lateran University, Harvard e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).