No final de maio, o Brasil passou por uma intensa greve dos caminhoneiros, mas para a população, além do combustível, os efeitos da paralisação não ficaram claros. Na economia, 11 dias com rodovias paradas causou prejuízos que superam os 34 bilhões de reais para os grandes setores da indústria. Durante o mesmo período, as exportações também foram afetadas, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) estima que a queda no ritmo das exportações foi, na média, de 36% no período. Com produtos que não chegam aos portos e embarques reduzidos, as fábricas exportadoras estão com estoques lotados, o que as obrigada a reduzir o ritmo de produção, gerando prejuízos para o país. Os segmentos mais afetados com a greve são os de soja em grãos, petróleo em bruto, carne de frango, farelo de soja, minério de ferro e bovinos.
A greve afetou a exportação de cada setor de forma diferente dependendo do modal principal utilizado no transporte dos produtos. No caso dos bens manufaturados, como aviões e automóveis, a queda nas exportações foi de 46%, seguida pela venda de bens semimanufaturados, como celulose, ferro e aço, em que o recuo foi de 37%. A queda dos produtos básicos, como soja, minério de ferro e petróleo cru, foi menor, de 31%. O efeito menor em produtos como soja e petróleo aconteceu graças aos estoques já existentes nos portos no caso do primeiro e escoamento direto do mar, no caso do segundo.
As importações também sentiram o impacto durante o período, estima-se uma redução de 26%. Financeiramente, uma contração de uma média de US$ 703 milhões, nas três primeiras semanas do mês, para US$ 516 milhões, nas duas últimas semanas. Apesar da greve, o crescimento de importações em maio foi de 14,5% em relação ao mesmo mês de 2017. Um avanço de 30% em relação ao mês anterior e no acumulado de janeiro a maio deste ano, o progresso atingiu a marca de 25%.
O maior porto do Brasil e da América Latina, o Porto de Santos foi imensamente afetado pela greve dos caminhoneiros. Cargas chegavam e não saiam, mais de 600 mil toneladas de carga deixaram de ser movimentadas e os terminais ficaram cheios. Com tudo paralisado, os exportadores não conseguiram exportar e nem cobrar o valor das coisas que venderam e os importadores ainda estão pagando por mais tempo na armazenagem, visto que a situação ainda não está normalizada e o porto enfrenta dificuldades em conciliar o que está atrasado para sair com as cargas que chegam. Em um dos terminais do Porto de Santos, por conta da greve, 27 mil contêineres deixaram de ser movimentados. Segundo o Sindicato das Agências Marítimas, o prejuízo chegou a 1 bilhão e meio de reais.
De acordo com a Asia Shipping , multinacional integradora de transporte, os prejuízos da crise vão além do dinheiro. “Ao não entregar produtos no prazo, a imagem do Brasil fica abalada no mercado internacional. O comprador não pode esperar a normalização da situação para ter os produtos que precisa, ele irá atrás de outros fornecedores e isso causará diversas perdas. O país estava em um bom momento em relação ao comércio exterior, mesmo com a alta do câmbio, e esses atrasos vão afetar negativamente reputação do Brasil”, explica.
Com o fim da greve dos caminhoneiros, a expectativa é que as operações sejam normalizadas até o final da próxima semana, mas o que ainda preocupa os importadores e exportadores é a greve dos auditores fiscais da Receita Federal, que dificulta a circulação dos produtos importados. Os contêineres de importação dependem de desembaraço aduaneiro , que por sua vez, depende que a Alfândega esteja funcionando corretamente, o que não deve acontecer até o fim desta semana.
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