Dados do setor do mercado imobiliário apontam que o panorama de 2018 é de consolidação, com viés de alta, após tímida retomada de crescimento no ano passado. A perspectiva é de que as imobiliárias passem a investir mais em marketing digital de conteúdo, automação de projetos residenciais e uso de realidade virtual.
O ano de 2017 ensaiou a chegada de bons ventos no mercado imobiliário indicando que o auge da crise financeira, que assola o país nos últimos anos, está ficando para trás, já que o setor é um dos últimos a sentir os sinais de recuperação econômica devido a necessidade de investimentos volumosos e a longo prazo, o que implica maior cautela dos investidores, e por ser um termômetro importante para medir o grau de otimismo da sociedade com a economia, que impacta diretamente a vida dos cidadãos.
Em comparação com 2016, o volume de imóveis vendidos no Brasil teve alta de 9,4 %, totalizando 94.221 unidades comercializadas no ano passado, segundo estudo promovido pela Câmara Brasileira da Construção (CBIC). Outro levantamento, esse realizado pelo Secovi-SP, corrobora a melhora do quadro ao divulgar que 18.6 mil imóveis foram comercializados na capital paulista no período de janeiro a novembro de 2017, representando alta de 33% em comparação a esse mesmo período em 2016.
O diretor do portal imobiliário 321achei, Alex Koeche, aponta que essa tendência de alta se manterá em 2018: “Esse crescimento se iniciou nas cidades mais importantes como Brasília e São Paulo. Apesar de toda essa estagnação financeira e a tão falada crise, o mercado está muito confiante com a queda nas taxas de juros. Isso favorecerá e encorajará o consumidor, estimulando a compra e venda de imóveis”.
Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP, partilha dessa opinião conforme declaração que dera ao jornal Valor Econômico em janeiro:
“Os lançamentos e vendas terão crescimento de 10% [em 2018]. Já sentimos a reação de alguns mercados, como São Paulo e Distrito Federal”.
Esse otimismo é amparado não só pelos sinais de reaquecimento que vieram à tona em 2017, mas por projeções e fatos que tendem a contribuir sensivelmente para a consolidação de um momento favorável as atividades imobiliárias.
Conforme citou Koeche, a taxa básica de juros é um desses fatores que tendem a contribuir com o aquecimento do mercado imobiliário esse ano. Atualmente, os juros se encontram no patamar de um dígito, em 6,75%, vem de cenário de queda se comparado a 2017, e a maioria dos analistas econômicos indicam que esse número deve permanecer até o final de 2018. Juros estáveis e controlados significa facilidade para concessão de crédito imobiliário, além de atrair a atenção de pequenos e médios investidores aos rendimentos da poupança, que volta a ser vantajosa, estimulando otimismo ao poupar.
Em pesquisa semanal recente divulgada pelo Boletim Focus, verifica-se que as projeções dos especialistas quanto aos índices inflacionários vêm recebendo seguidos recuos, com a previsão atual estacionada em 3,63%, a anterior era de 3,67%. O resultado prático ao consumidor da queda da inflação é o aumento do poder de compra, o que normalmente influencia a aquisição de novas propriedades, especialmente os que pretendem comprar o primeiro imóvel. Construtoras tendem a aproveitar a melhora do quadro econômico para lançar novos empreendimentos, contribuindo para movimentar a economia.
Outro dado favorável é a recente alteração nos critérios de renda mínima para ser contemplado no programa habitacional administrado pelo governo, o Minha Casa Minha Vida, que passou de R$ 6,5 mil para R$ 9 mil, o que certamente ampliará o público disposto a se beneficiar das facilidades proporcionadas pelo programa.
Com a mudança de comportamento do público consumidor, em razão do desenvolvimento tecnológico, que passou a ficar mais horas no ambiente digital do que em frente à TV, rádio e impressos, as imobiliárias têm investido na geração de conteúdo voltado a internet para atrair novos clientes.
Perseverando em compreender o espírito do tempo que caracteriza hábitos e gostos da geração em ascensão, ficou patente aos empreendedores do setor que as preocupações ambientais não se tratam de mero modismo e é assunto de real importância a extratos cada vez mais diversificados da sociedade. Por isso, tornou-se tendência investir em projetos de casas automatizadas, ou casas inteligentes, que apresentam soluções de controle de iluminação e reuso de água, por exemplo.
Compreendendo que o público consumidor está, de forma crescente, mais antenado em assuntos de tecnologia por ser ávido por novidades, muitas imobiliárias têm aproveitado o desenvolvimento e aperfeiçoamento tecnológicos para apresentar projetos mais sofisticados e, consequentemente, mais atraentes a essa gama de clientes em expansão. Vem se tornando comum o uso de realidade virtual para expor projetos de construções que nem chegaram a sair do papel e a prática de tour virtual de 360 graus, que possibilita que clientes em potenciais possam “visitar” as instalações de forma bem realista, a qualquer hora do dia, sem sair de casa ou do trabalho.
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