Marxismo, Humanismo e Direito: Althusser e Garaudy

Esta obra de Juliana Paula Magalhães, Marxismo, humanismo e direito: Althusser e Garaudy, investiga, de modo pioneiro entre nós, a construção da reflexão a respeito do humanismo e de suas críticas no campo do marxismo. Ao tempo, Roger Garaudy, então importante líder político e teórico dos comunistas franceses, atualiza a voga existencial para propósitos socialistas.

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Esta obra de Juliana Paula Magalhães, Marxismo, humanismo e direito: Althusser e Garaudy, investiga, de modo pioneiro entre nós, a construção da reflexão a respeito do humanismo e de suas críticas no campo do marxismo. Ao tempo, Roger Garaudy, então importante líder político e teórico dos comunistas franceses, atualiza a voga existencial para propósitos socialistas.

No mesmo momento, surge na França a figura central de Louis Althusser, propondo uma leitura distinta e radical do marxismo, profundamente calcada na compreensão das estruturas e dos mecanismos de reprodução social e, portanto, na crítica da subjetividade e do ser humano tomado como horizonte genérico de valores. Polarizam-se, a partir daí, o humanismo e o anti-humanismo teórico como dois polos distintos de estratégia e compreensão filosófica. O impacto de tal clivagem será enorme.

Juliana Paula Magalhães reconstitui o longo itinerário do debate humanista na filosofia do século XX, chegando até suas fontes mais basilares: Martin Heidegger e Jean-Paul Sartre. Na primeira parte deste livro, investiga já a semente da distinção entre humanismo e anti-humanismo nos dois filósofos da existência. Sartre, em O existencialismo é um humanismo, e Martin Heidegger, na Carta sobre o humanismo, já apontam, de um lado, para uma trilha de aposta política na humanidade e, de outro lado, para as arestas de uma crítica da subjetividade.

A partir do largo cenário do debate filosófico das correntes existenciais, Magalhães aprofunda as posições políticas do Partido Comunista Francês nos meados do século XX e a correspondente
liderança teórica de Roger Garaudy, junto com pensamentos como os de Lucien Sève e Jorge Semprún, dentre outros. O modelo soviético pós-stalinista – cuja crise se explicava pelos comunistas por meio de uma crítica moral à personalidade de Stálin – buscou ser contrastado pela valorização do “humano”. O socialismo, assim, deveria se orientar para a dignidade dos indivíduos em sociedade, evitando caminhos dolorosos de superação do capitalismo. Tomando tal sentido como vertente filosófica de explicação de mundo, Garaudy apresenta
o emparelhamento entre marxismo e cristianismo. Um mesmo humanismo de base anima a escatologia de uma sociedade de irmãos e a construção de uma sociedade de camaradas.

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