Por conta do novo coronavírus (SARS-CoV-2) conseguir se manter viável por vários dias fora do corpo humano, dependendo da superfície onde se encontra, alguns países vêm adotando a desinfecção de ambientes e superfícies como medida extra de contenção contra a COVID-19. O objetivo é assegurar que os ambientes e seus objetos não sejam um veículo de transmissão.
O que é desinfecção de ambientes e superfícies?
Desinfecção de ambientes e superfícies refere-se aos processos de destruição ou inativação de microrganismos (bactérias na forma vegetativa, vírus e fungos) presentes em um ambiente ou objeto. O objetivo é assegurar ambientes isentos do risco de transmissão de microrganismos potencialmente patogênicos. É importante ressaltar que esse processo não engloba a maioria dos esporos bacterianos.
A diferença entre limpeza, esterilização e desinfecção…
A tabela abaixo explica as diferenças entre desinfecção e outros processos, como limpeza e esterilização:
Por que desinfectar, e não apenas limpar, os ambientes?
Diferente de uma limpeza comum, a desinfecção consegue otimizar a dispersão dos saneantes e potencializar a sua ação para eliminar quimicamente o vírus e outros microrganismos do ambiente. Esse tipo de procedimento já era comum em hospitais por conta do alto índice de microrganismos resistentes e a presença de pacientes imunodeprimidos no mesmo ambiente. Pelo fato do SARS-CoV-2 apresentar alta taxa de transmissão através de gotículas expelidas pela fala, tosse ou espirro, países como China, Coréia do Sul e Itália, adotaram a desinfecção como medida extra de contenção também em supermercados, escritórios, hotéis e escolas.
Inclusive, estudos demonstram que o vírus pode sobreviver vários dias fora do corpo humano, dependendo da superfície onde se encontra como podemos ver abaixo:
É preciso conhecer a estrutura do vírus para entender como os desinfetantes funcionam.
Antes de entendermos como os desinfetantes agem na inativação de vírus, inclusive o SARS-COVID-2, é preciso conhecer a estrutura – e suas fragilidades – desses microorganismos.
Os coronavírus são constituídos por uma frágil membrana de gordura (envelope) externo ao nucleocapsídeo, onde fica armazenado seu material genético (ácido ribonucleico ou RNA). Nessa membrana de gordura (bicamada lipídica) externa ficam contidas importantes proteínas. Destacamos aqui a proteína S (spike) e seu papel fundamental na infecção viral, já demonstro em importantes estudos científicos.
A proteína S (spike) tem a capacidade de se ligar aos receptores celulares e, dessa forma, o vírus entra na célula. Dentro dela, o vírus é livre para se replicar e criar novas partículas de SARS-CoV-2, que continuam se replicando até causarem a morte celular e, enfim, estarem livres para contaminar outras células.
Como os saneantes combatem os vírus?
Agora que entendemos as estruturas do vírus, conseguimos tratar dos mecanismos de ação de alguns sanitizantes comprovadamente eficazes na inativação dos vírus, segundo a Agência de Proteção Ambiental.
TENSOATIVO (DESENGORDURANTES):
Por ser envelopado, ou seja, apresentar uma frágil membrana de gordura (lipídeos), os tensoativos (desengordurantes) vão destruir essa camada de gordura dos vírus, penetrando em suas membranas e quebrando rapidamente componentes essenciais.
Exemplos de Tensoativos (desengordurantes): Sabonetes e quaternário de amônia.
OXIDANTES:
O vírus necessita da proteína S, localizada na superfície do envelope, para poder acessar o interior da célula hospedeira. Devemos ter na formulação do saneante portanto um componente para desnaturar essa proteína, como um oxidante, por exemplo.
IMPORTANTE: Muitas vezes, não há necessidade de se inativar totalmente o vírus; basta remover sua capacidade de acessar o interior de nossas células para evitar o contágio.
Exemplos de oxidantes: Peróxido de hidrogênio, cloro, álcool 70%, entre outros.
Quando é necessário eliminar rapidamente qualquer possibilidade de transmissão, pode-se usar um disruptor genético com condensação cromossômica na formulação do saneante. Esse método deve ser usado quando existe alta suspeita que o ambiente foi contaminado.
Métodos de aplicação:
Quando falamos em desinfetar um ambiente ou superfície, é importante dispersar o biocida utilizando equipamentos ou dispositivos que potencializem a eficácia dos saneantes e alcancem áreas que não poderiam ser acessadas pelos métodos de limpeza convencionais.
Para se reproduzir as gotículas expelidas pela fala, tosse ou espirro e, portanto, proteger os mesmos locais contaminado por elas, utiliza-se normalmente a tecnologia de atomização ou termo nebulização durante a aplicação do saneante.
No caso dos tensoativos, a aplicação direta nas superfícies é mais adequada utilizando-se nebulizadores manuais.
IMPORTANTE: para avaliação e o método de aplicação mais apropriado para o local, é preciso verificar o grau de risco e os tipos de equipamentos presentes no local, como computadores, corrimãos, entre outros.
Ressaltamos que, diante do cenário atual, nunca foi tão importante garantir altos padrões de higiene para impedir a propagação do vírus e suas consequências, principalmente nos locais já mencionados, como hospitais, supermercados, shoppings, escritórios, entre outros.
Além disso, salientamos que a desinfecção de ambientes é um cuidado extra para conter a propagação de COVID-19 em grandes espaços. A limpeza habitual de superfícies e mãos com um sanitizante adequado, como água e sabão ou álcool gel, são essenciais para evitar a propagação da COVID-19.
Links para as matérias-fonte deste artigo:
1 – https://www.journalofhospitalinfection.com/article/S0195-6701(20)30046-3/fulltext
2 – https://www.journalofhospitalinfection.com/article/S0195-6701(20)30046-3/fulltext
3 – https://www.sciencemag.org/news/2020/03/does-disinfecting-surfaces-really-prevent-spread-coronavirus
4 – https://www.epa.gov/pesticide-registration/list-n-disinfectants-use-against-sars-cov-2
Este texto foi originalmente desenvolvido pela empresa Microambiental.