Professora e escritora londrinense produziu livro de redação em que aborda as técnicas por meio de frases contextualizadas

Após 27 anos de experiência como professora e supervisora de Ensino, decidiu escrever para alguns tipos diferentes de leitores, levando em consideração que, para escrever bem, é preciso escolher dentro de uma série de palavras com sentido geral comum, uma que expresse exatamente o que se deseja externar.

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Aparecida Vaz Primo, autora de “Ensino da Redação”, explica que o que os alunos veem e ouvem na escola deve ser relacionado com suas experiências diárias. ( Folha de Londrina / Gina Mardones )
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O investimento em educação no Brasil ganha novos projetos com o intuito de beneficiar o maior número de alunos possível. A exemplo deste objetivo está o programa !link Mais Alfabetização http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/32816, criado pelo MEC m 2017, cujo valor investido será de R$ 200 milhões para pagamentos de auxiliares pedagógicos encarregados de ajudar professores em sala e também atender 4,2 milhões de alunos em quase 200 mil turmas espalhadas por todo o país. Tal ação tem como foco alfabetizar estudantes do primeiro e segundo anos do Ensino Fundamental. Já os alunos que estão em outra etapa do processo de escolarização também contam com mecanismos para avaliar seu desenvolvimento ao longo dos anos.
Em maio deste ano, mais de 80 países aplicarão as provas do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), rede mundial de avaliação de desempenho escolar. No Brasil,  19 mil alunos, de 661 escolas, passarão pelo exame conduzido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O público-alvo são estudantes de 15 anos, nascidos no ano de 2002 e matriculados a partir do 7º ano do ensino fundamental. Ao todo,  33 alunos  de cada escola selecionada participam da prova.

O Pisa avalia a preparação do estudante para a vida adulta. A avaliação será totalmente  feita em computador, abarca áreas de leitura, matemática e ciências. O foco do Pisa  é  a leitura, área que terá maior número de questões. Também serão coletadas informações contextuais por meio de questionários aplicados aos alunos, professores, diretores de escola. Em 2018, pela primeira vez, os pais dos  selecionados deverão responder a um questionário em papel.
A partir dos resultados serão produzidos indicadores que contribuem para a discussão da qualidade da educação nos países participantes. Eles também permitem a comparação da atuação dos estudantes e do ambiente de aprendizagem entre diferentes países. A divulgação dos dados ocorre no ano seguinte à aplicação.

Os últimos resultados do Brasil no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) divulgados em dezembro de 2016, mostraram uma queda de pontuação nas três áreas avaliadas: ciências, leitura e matemática. O país ficou na 63ª posição em ciências, na 59ª em leitura e na 66ª colocação em matemática. A prova é coordenada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e foi aplicada no ano de 2015 em 70 países e economias, entre 35 membros da OCDE e 35 parceiros, incluindo o Brasil. O exame, realizado a cada três anos, traça um perfil de conhecimento básico e habilidade dos estudantes de cada país.

Diante destes números e de outras pesquisas do setor, não é de se surpreender com a má posição da educação brasileira e sua qualidade. O baixo índice de leitura, inclusive, é responsável pela deficiência no processo de escrita, como em redações dissertativas, um dos gêneros mais cobrados nas provas e exames para ingresso em instituições de ensino superior. Pensando nisso, a professora e escritora londrinense Aparecida Vaz Primo produziu o livro “Ensino da Redação”, por meio de frases contextualizadas com verbos semelhantes e opostos. “O brasileiro, de forma geral, não sabe escrever, lê pouco e não combina perfeitamente as atividades de ler e escrever. Não admite, ainda, que a fluidez na escrita vem somente com a prática e será enriquecida na medida em que a leitura também é realizada”.

Após 27 anos de experiência como professora e supervisora de Ensino, decidiu escrever para alguns tipos diferentes de leitores, levando em consideração que, para escrever bem, é preciso escolher dentro de uma série de palavras com sentido geral comum, uma que expresse exatamente o que se deseja externar. “O conteúdo é voltado para aquele que, apesar de ser adolescente ou adulto, ainda tem raciocínio desorganizado e insegurança na maneira de raciocinar; aquele que faz abordagem incompleta, errada ou apressada dos temas; aquele que não tem certeza de uma direção a seguir; aquele que tem falta de uma visão global em seus julgamentos; aquele que foi mal alfabetizado, tem vocabulário exíguo, e por isso, faltam-lhe palavras para se expressar”, enumera.

Portanto, segundo ela, o livro tem o objetivo de ser um “instrumento desembaraçador” capaz de provocar um processo psicológico criativo, que, espontaneamente, irá alterar a linguagem do aluno, tornando-a mais expressiva. “O ensino do processo de redação é realizado em 12 etapas, acompanhadas por um dicionário organizado com frases contextualizadas (com palavras e verbos semelhantes e opostos; todos com os seus significados). Em sua segunda parte, o livro apresenta 200 contextos com cem assuntos diferentes e sinônimos de 1534 verbos semelhantes e opostos”.

Diferentemente de outros títulos que ensinam a redação tecnicamente, a professora acredita que, neste título, os segredos fundamentais de interpretação de texto e da capacidade de redação estão em ensinar a redigir com exatidão os períodos, como também a saber interpretá-los. “Aprendendo a redigir períodos, o leitor aprende a interpretar os períodos em sua relação interna e poderá extrair deles ideias”, diz, completando que, assim, o aluno aprende sem perceber, simultaneamente, boa parte da pontuação, concordância, regência, uso de verbo em todos os tempos e modos.

Leitura X escrita

Neste sentido, ela defende que a escrita seja um processo mais ativo que a leitura; um processo manual pelo qual se traduz aquilo que se passa na mente do aluno. “O aluno tem de estruturar seu pensamento de forma a transmiti-lo com coerência e clareza. A escrita exige atenção, memória, tempo para desempenhar a tarefa. A leitura, por sua vez, promove o desenvolvimento pessoal, intelectual e profissional do educando, apura o senso crítico e proporciona o entretenimento, enriquece o vocabulário e aprimora a escrita de redação”, salienta a professora.

Com relação aos que estão iniciando no universo da leitura, no caso, as crianças, Primo sugere o uso do livro infantil, que estimula o exercício da mente, a expressão verbal e a percepção do real em suas múltiplas significações. “O livro infantil cria momentos de beleza por meio das palavras e provoca na criança a criatividade, emoção, o prazer, a imaginação, o interesse, a identificação e a sensibilidade. Isso vai ajudar o aluno a confrontar ideias, reelaborar seu pensamento crítico, e a identificar-se”.

Sentido na aprendizagem

Segundo ela, apesar das indicações, aprender não é reter conhecimento, mas reagir a situações totais. “É um processo ativo, inteligente e global”. Por isso, tudo o que os alunos veem ou ouvem na escola deve ser relacionado com sua experiência e com o sentido que encontraram em seus contatos diários. “Se assim não acontecer, adotam uma visão cínica e ressentida da escola e da sociedade que os obrigam a acompanhar um conteúdo oposto ao de sua realidade social. Escola que os obriga a adquirir um conhecimento que eles não escolhem, nem valorizam, é um ensino que não os liberta de sua cultura de classe. Pelo contrário, confina-os mais firmemente nela”, argumenta.

Escritora: Aparecida Vaz Primo / Livro: Ensino da Redação / Editora:  Saraiva

Distribuição: ANNE / Agência Nacional de notícias Empresariais

FONTE: Inep / Folha de Londrina / Marian Trigueiros

Aparecida Vaz Primo, formou-se em Pedagogia, Administração Escolar, Supervisão de Ensino, e Orientação Educacional pela Universidade Estadual de Londrina.

Tem Especialização em Nível de Pós-Graduação em História da Educação e Filosofia da Educação. É Mestre em Educação pela Universidade Sagrado Coração de Jesus, em Bauru, SP. Foi Professora no Ensino Superior por 16 anos, lecionando História da Educação e Didática. Foi Supervisora de Ensino e Professora por 27 anos.

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