O coração dos torcedores está pronto para a Copa do Mundo?

Médicos indicam quais exames preventivos devem ser feitos e dão dicas sobre o que comer para minimizar os riscos de um problema durante a competição

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O coração dos torcedores está pronto para a Copa do Mundo?
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No último dia 27 de maio, na emocionante vitória de virada do Internacional-RS sobre o Corinthians por 2 a 1, pelo Campeonato Brasileiro de Futebol, foram registrados, no Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, um infarto de um torcedor e uma parada cardíaca de outro. Na Copa do Mundo de 2014, houve dois casos de paradas cardíacas: no empate em 1 a 1 entre Chile e Brasil (que se classificou nos pênaltis para as quartas de final) e na vitória da Argentina sobre a Suíça por 1 a 0, também pelas oitavas de final, com um gol de Di Maria a dois minutos do fim da prorrogação.

Com a Copa do Mundo da Rússia se aproximando, ficam algumas dúvidas no ar: o torcedor está preparado para assistir aos jogos sem correr riscos? Quem deve se submeter a exames preventivos do coração? O que se deve comer e beber durante as partidas? Que outras medidas devem ser tomadas antes e durante a disputa do Campeonato Mundial de Futebol?

Para responder a essas dúvidas, um grupo de médicos do Hospital Pró-Cardíaco, de Botafogo, preparou uma série de recomendações sobre o que fazer para minimizar as chances de algum problema no coração ao acompanhar os jogos, como a realização de um checkup preventivo e o consumo de bacon vegano no lugar de alimentos processados, por exemplo.

Quais exames realizar e quem deve fazê-los

A cardiologista Eliane Magalhães destaca que a competição é uma ótima oportunidade para se colocar a saúde cardiovascular em dia. E não apenas para quem possui algum fator de risco.

“Quem já tem problemas cardíacos ou pressão alta deve procurar o seu médico para verificar se sua condição clínica está controlada ou necessita de alguma orientação adicional. Mas indivíduos sem sintomas também precisam avaliar se apresentam quadros de hipertensão arterial, diabetes e dislipidemias, entre outros, especialmente se houver na história familiar casos de doenças do coração”, destaca Eliane. Ela sugere a realização de um checkup com avaliação clínica e cardiológica, exame físico completo, exames laboratoriais e um eletrocardiograma.

O que se pode comer e beber e o que evitar

Boa alimentação é uma recomendação para melhorar a qualidade de vida e a saúde de todas as pessoas. Diante do estresse causado pelos momentos de tensão das partidas de futebol, a nutricionista Jacqueline Farret aconselha evitar o consumo exagerado de bebidas alcoólicas (principalmente associadas a energéticos) e de alimentos processados, salgados e gordurosos.

Segundo ela, “o ideal é consumir petiscos mais naturais, como pipoca feita na panela, mixde oleaginosas (castanhas, nozes e amêndoas) com moderação, temperos à base de ervas que não levam sódio e até o bacon vegano. Algumas boas opções para apurar o sabor são usar páprica doce ou gengibre, que têm efeito termogênico, cúrcuma ou açafrão, que têm ação anti-inflamatória, ou curry, que é um mix de temperos.”

Outras medidas preventivas que podem ser tomadas

Com a experiência de ter sido médico da seleção brasileira de futebol em mais de uma Copa do Mundo, o cardiologista Ricardo Vivacqua, especialista em medicina esportiva, atesta que as fortes emoções vividas pelos torcedores são universais. Ele faz orientações específicas para dois grupos de risco.

“Pessoas que possuem problemas cardiovasculares devem seguir as recomendações de seus médicos tanto em relação aos medicamentos quanto às regras de conduta para prevenir complicações. E pessoas sedentárias devem começar o quanto antes a realizar caminhadas diárias de, no mínimo, 30 minutos. Isso vai colaborar para sua performance aeróbica”, indica Ricardo, que reforça ainda a orientação de se evitar alimentação muito calórica e excesso de bebidas alcoólicas.

A chance de ocorrer um infarto durante uma partida da Copa do Mundo é maior do que em um “dia normal”?

O cardiologista Cláudio Tinoco Mesquita explica que estresse físico ou emocional pode precipitar o infarto agudo do miocárdio. E aponta uma série de estudos que atestam o crescimento do número de casos durante a realização de Copas do Mundo de futebol.

Em 2008, Ute Wilbert-Lampen e colaboradores publicaram no New England Journal of Medicine uma avaliação prospectiva dos eventos médicos de emergência da área metropolitana de Munique durante a Copa do Mundo da Alemanha, em 2006.  Nos dias de jogos envolvendo a equipe alemã, a incidência de emergências cardíacas foi 2,66 vezes maior do que durante o período de controle – nos homens, a incidência foi 3,26 vezes maior, e, nas mulheres, 1,82 maior no mesmo período.

Em 2013, Daniel Guilherme Suzuki Borges e colaboradores publicaram nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia resultados similares aos anteriores, analisando os registros do Sistema Único de Saúde brasileiro. Os autores observaram um aumento de 16% na incidência de infarto do miocárdio nos dias de jogos da seleção brasileira de futebol.

“Esses dados dão suporte à hipótese de que reações emocionais intensas associadas aos jogos de futebol podem desencadear infarto do miocárdio. Assim, todos os esforços devem ser feitos para que os indivíduos tenham uma vida saudável, corrijam os fatores de risco cardiovascular, como sedentarismo, hipertensão, diabetes e colesterol elevado, e reduzam a ansiedade associada a torcer pela seleção ou por seu time de coração”, ressalta Cláudio.

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